PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
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- Marcos Borba Aveiro
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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA KELLI BISONHIM EM BUSCA DA ESTRUTURA SÓCIO-ESPACIAL DA REDUÇÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA: A SOBREVIVÊNCIA DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO PROF. DR. ARNO ALVAREZ KERN ORIENTADOR PORTO ALEGRE
2 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA KELLI BISONHIM EM BUSCA DA ESTRUTURA SÓCIO-ESPACIAL DA REDUÇÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA: A SOBREVIVÊNCIA DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO ORIENTADOR: DR. ARNO ALVAREZ KERN PORTO ALEGRE,
3 KELLI BISONHIM EM BUSCA DA ESTRUTURA SÓCIO-ESPACIAL DA REDUÇÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA: A SOBREVIVÊNCIA DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DISSERTAÇÃO APRESENTADA COMO REQUISITO PARCIAL E ÚLTIMO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE PELO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA TENDO COMO LINHA DE PESQUISA: SOCIEDADE, CULTURA MATERIAL E POVOAMENTO, PELA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL. ORIENTADOR: DR. ARNO ALVAREZ KERN PORTO ALEGRE
4 KELLI BISONHIM EM BUSCA DA ESTRUTURA SÓCIO-ESPACIAL DA REDUÇÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA: A SOBREVIVÊNCIA DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DISSERTAÇÃO APRESENTADA COMO REQUISITO PARCIAL E ÚLTIMO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE PELO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA TENDO COMO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO, HISTÓRIA DAS SOCIEDADES IBÉRICAS E AMERICANAS PELA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL. APROVADA EM 31 DE MARÇO DE BANCA EXAMINADORA: DR. ARNO ALVAREZ KERN - ORIENTADOR DR. KLAUS HILBERT - PPG HISTÓRIA - PUCRS DRA. GISLENE MONTICELLI FFCH - PUCRS 4
5 5 À Lavinia. Sem você nada disso seria possível ou sequer faria sentido.
6 AGRADECIMENTOS Primeiramente ao orientador, conterrâneo, Missioneiro Prof. Dr. Arno Alvarez Kern, que a muito dedico a paixão pela Arqueologia Histórica Missioneira. Agradeço pelo acompanhamento ao trabalho, valendo-se das palavras certas, nas horas mais precisas e principalmente pelo apoio e confiança que sempre expressou. À CAPES pelo auxílio a pesquisa. À Amiga Prof. Dra. Raquel Machado Rech, primeiramente, pela confiança, pelos créditos a mim concedidos e por tudo que aprendi na brilhante estréia na arqueologia. E não esquecendo a co-orientação mesmo informal, pela boa vontade e disponibilidade para auxiliar, obrigada pelas contribuições que sem dúvida me mostraram o norte. Ao CCM Centro de Cultura Missioneira da URI/Campus Santo Ângelo, ao CEPA Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da PUCRS e ao IAP - Instituto Anchietano de pesquisas da UNISINOS, em cujos acervos foi possível encontrar grande parte da bibliografia deste trabalho. Aos funcionários do PPG-História da PUCRS, em especial ao Adilson e Carla por toda disponibilidade e boa vontade. À Scientia Consultoria Científica, pelo apoio fundamental para o término desta pesquisa. Aos colegas de trabalho, principalmente a Ana pelo empréstimo dos livros e pelo apoio fundamental na finalização do trabalho, a Edmara pelas contribuições e conversas reflexivas, e aos outros que de alguma forma me auxiliaram. À Prefeitura Municipal de São Borja, por ceder a planta da cidade em arquivo editável. À Micheli, Fernando, Ronaldo, Rodrigo, Diego, obrigada! As queridas amigas que este Programa proporcionou Ariane, Daiane, Hellen, Lisiane, Vanderlise e Vanessa. Com certeza não nos esqueceremos das longas tardes de discussões e das intermináveis traduções de textos. À Pâmela Palharini, pela amizade e alento nas horas difíceis. Ao Leopoldo Jones, pelo companheirismo e empréstimo dos ouvidos. Aos meus pais, que mais uma vez estiveram ao meu lado, mesmo tão longe se fizeram presentes em todo o trajeto, com bom humor e não me deixando esquecer que são tão poucas as coisas que podem ser mais importantes que a família. 6
7 A minha irmã, que me suportou durante os colapsos, agradeço por todo o tempo precioso que esteve comigo. À uma criatura fantástica e inspiradora, sinônimo de vitória, Lauri Juliani, a quem dedico a escolha pelo ofício de Historiadora e a paixão pela Arqueologia. Dedico-lhe, aqui, minha eterna gratidão, admiração e respeito. Ao Daniel que, com amor, paciência (muita paciência), amizade e respeito, personificou o porto seguro responsável pela conclusão deste trabalho. Em momentos bem sucedidos e sobretudo, nos momentos mais difíceis, esteve sempre presente do jeito dele, claro, soube amenizar as oscilações de ânimo e humor. A ele reservo além da minha profunda admiração, gratidão e amor. 7
8 Foi um tempo que o tempo não esquece Que os trovões eram roncos de se ouvir Todo o céu começou a se abrir Numa fenda de fogo que aparece O poeta inicia sua prece Ponteando em cordas e lamentos Escrevendo seus novos mandamentos Na fronteira de um mundo alucinado Cavalgando em martelo agalopado E viajando com loucos pensamentos Sete botas pisaram no telhado Sete léguas comeram-se assim Sete quedas de lava e de marfim Sete copos de sangue derramado Sete facas de fio amolado Sete olhos atentos encerrei Sete vezes eu me ajoelhei Na presença de um ser iluminado Como um cego fiquei tão ofuscado Ante o brilho dos olhos que olhei Pode ser que ninguém me compreenda Quando digo que sou visionário Pode a bíblia ser um dicionário Pode tudo ser uma refazenda Mas a mente talvez não me atenda Se eu quiser novamente retornar Para o mundo de leis me obrigar A lutar pelo erro do engano Eu prefiro um galope soberano À loucura do mundo me entregar. Zé Ramalho. 8
9 RESUMO O objeto desta pesquisa foi a missão de San Francisco de Borja, erigida em A proposta deste trabalho constituiu em sugerir uma carta de potencial arqueológico para a moderna cidade de São Borja/RS. Para isso, buscou-se verificar a distribuição espacial da malha urbana atual sobreposta a antiga malha reducional. Observando os modelos coloniais para a instalação de cidades européias, e ainda os padrões seguidos para erigir as Reduções Jesuíticas, procurou-se compreender a utilização do lugar, tendo como base factual à pesquisa: documentos históricos escritos, iconográficos, arquitetônicos e arqueológicos. Todas as fontes fornecem informações para o entendimento da distribuição espacial da redução de San Francisco de Borja, demonstrando a estreita relação entre a missão jesuítica e a atual cidade. Pois a cidade seguiu o mesmo traçado da antiga missão. Palavras-Chave: Missões; espacialidade; arqueologia; patrimônio. 9
10 RESUMEN El objeto de esta investigación fue la Misión de San Francisco de Borja, construido en El propósito de este estudio fue sugerir una carta al potencial arqueológico de la moderna ciudad de São Borja / RS. Para ello, hemos tratado de determinar la distribución espacial de la corriente urbana superpuestos en la malla reduccional de edad. Tomando nota de los modelos coloniales para la instalación de las ciudades europeas e incluso las "normas", seguido de construir las Reducciones Jesuíticas, tratamos de entender el uso del lugar. Basado en la investigación de hechos: documentos históricos escritos, iconográficos, arquitectónicos y sitios arqueológicos. Todas las fuentes de proporcionar información para la comprensión de la distribución espacial de la reducción de San Francisco de Borja, lo que demuestra la estrecha relación entre la misión jesuita y la ciudad actual. Debido a que la ciudad siguió lo mismo trazado de la antigua misión. Palabras claves: Misiones, la espacialidad, la arqueología, el patrimonio. 10
11 ÍNDICE DE IMAGENS FIGURAS Figura 1. Bandeirantes com índios aprisionados - tela de Jean Baptiste Debret 43 Figura 2. Manzana - Modelagem hipotética em 3D representando uma das casas de índio da missão de Santo Ângelo. 55 Figura 3. Desenho representado a igreja, muro e portão do colégio da antiga redução de São Borja. 60 Figura 4. Crescimento Orgânico. Lisboa antes do terremoto, segundo plano de Crescimento Racional. A reconstrução pombalina, segundo plano de Eugênio dos Santos (1755). 69 Figura 5. Esquema apresentando os elementos utilizados na composição da Carta de Potencial Arqueológico. 92 Figura 6. Esquema dos elementos apresentados para elaboração da Carta de Potencial Arqueológico de São Borja. 93 MAPAS Mapa 1. No ano de 1494 os países ibéricos trataram a divisão dos territórios através do tratado de Tordesilhas Mapa 2. De Luís Teixeira (c.1574) com a divisão da América portuguesa em capitanias Mapa 3. Limites territoriais do Rio Grande do Sul Mapa 4. Representando os limites adotados segundo alguns tratados Mapa 5. Representando as missões do Tape antes da transmigração de Mapa 6. Missões dos índios Guarani do Pe. Joseph Cardiel. Ano de Ilustra a localização dos 30 povoados Guarani cristianizados entre os rios Paraguai e Uruguai Mapa 7. De autor desconhecido representa as missões de índios Guarani em 1750 e recorte da legenda Mapa 8. Imagem de satélite da atual cidade de São Borja distanciada em relação ao Rio Uruguai em 5,01km Mapa 9. Imagem de satélite das cidades modernas de São Tomé e São Borja Mapa 10. Mapa dos Trinta Povos das Missões Jesuítico - Guarani Mapa 11. Localização dos três pontos em relação à praça central de São Borja Mapa 12. Municípios de apresentam bens tombados Mapa 13. Distância do Porto em relação à casa onde foi encontrada a escada SOBREPOSIÇÕES DE PLANTAS Sobreposição 1. De plantas de Santo Ângelo (área do Centro Histórico) Sobreposição 2. De plantas das igrejas de Santo Ângelo
12 Sobreposição 3. Utilizando a malha da atual cidade de São Borja sobre a planta da antiga redução elaborada por Manuel Joaquin de Almeida Coelho (1816) Sobreposição 4. Da planta da antiga redução elaborada por Manuel Joaquin de Almeida Coelho (1816) e a atual malha urbana do município PLANTAS Planta 1. Redução de São Nicolau elaborada por José Maria Cabrer (1784). 52 Planta 2. Redução de Santo Ângelo elaborada por José Maria Cabrer (1784). 54 Planta 3. Redução de São Francisco de Borja elaborada por José Maria Cabrer em Planta 4. Elaborada por Manuel Joaquin de Almeida Coelho em FOTOS Foto 1. Praça XV de novembro por Aquino Guimarães Foto 2. A segunda igreja de São Borja Foto 3. Destruição da segunda igreja Foto 4. Construção da terceira igreja de São Borja Foto 5. Igreja da moderna cidade de São Borja Foto 6. Detalhe da imagem apresentando bases de colunas e um monumento missioneiro homenageando o Pe. Garcia Foto 7. Fonte São João Batista Foto 8. Fonte de São Pedro Foto 9. Escada abaixo do assoalho em casa residencial Foto 10. Imagem representando o traçado no entorno da Praça XV de Novembro Foto 11. Calçada em frete a Igreja Matriz, apresentando o local onde foi aberta a valeta pela obra Foto 12 e 13. Alicerces jesuíticos evidenciados durante vistoria arqueológica das obras de infraestrutura para telefonia em frente à Igreja Matriz de São Borja. À esquerda, alicerce em pedra grés e itacuru da parede Leste e, à direita, alicerce em pedra grés da parede Oeste da antiga igreja da redução de São Francisco de Borja Fotos 14 e 15. Entorno da Praça XV de Novembro Foto 16. Antigo porto do Passo do São Borja GRÁFICO ÚNICO Gráfico 1. Crescimento demográfico da missão de San Francisco de Borja até o ano de
13 LISTA DE SIGLAS CCM - CEPA - CNSA - COMPAHC FRA IPHAN POA RS S/d SPHAN NArq - NuGeo - URI - UTM - Centro de Cultura Missioneira. Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da PUCRS. Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos. Conselho Municipal do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural (de Santo Ângelo). França. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Porto Alegre. Rio Grande do Sul. Sem data. Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional. Núcleo de Arqueologia. Núcleo de Geoprocessamento. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Universal Transverse Mercator. 13
14 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 15 1 SAN FRANCISCO DE BORJA POR OLHOS VIAJANTES 17 A REDUÇÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA: O PRIMEIRO DOS SETE POVOS DAS MISSÕES ORIENTAIS DO URUGUAI 17 A REDUÇÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA VISTA POR VIAJANTES AUGUSTE DE SAINT-HILAIRE LOUIS-FRÉDÉRIC ARSÈNE ISABELLE HEMETÉRIO JOSÉ VELLOSO DA SILVEIRA ALEXANDRE BAGUET D. FRANCISCO GRAELL JOÃO PEDRO GAY AURÉLIO PORTO CARLOS TESCHAUER ROBERT CHRISTIAN BERTHOLD AVÉ-LALLEMANT LUÍZ FELIPE MARIA FERNANDO GASTÃO D ORLEANS, CONDE D EU FRANCISCO JAVIER BRABO 40 2 OS ESPAÇOS DA MISSÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA 42 A IMPORTÂNCIA DO TRAÇADO URBANO JESUÍTICO GUARANI 67 3 A SOBREVIVÊNCIA DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO 76 PROPOSTA PARA CARTA DE POTENCIAL ARQUEOLÓGICO DA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE SÃO BORJA 91 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 95 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97 ELETRÔNICAS 103 BIBLIOGRAFIA 104 APÊNDICES 106 APÊNDICE A - MAQUETE HIPOTÉTICA EM 3D DA MISSÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA, A PARTIR DA CARTOGRAFIA EXISTENTE E CONFORME RELATOS DE VIAJANTES. 107 APÊNDICE B CD-ROM VÍDEO A ESTRUTURA SÓCIO-ESPACIAL DA MISSÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA POR OLHOS VIAJANTES. 117 APÊNDICE C - PROPOSTA DE CARTA DE POTENCIAL ARQUEOLÓGICO PARA O MUNICÍPIO DE SÃO BORJA. 118 APÊNDICE D PONTOS DE INTERESSE ARQUEOLÓGICO 119 APÊNDICE E CD-ROM CARTA DE POTENCIAL ARQUEOLÓGICO DA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE SÃO BORJA EM 3D. 120 ANEXO A - LAUDO DE VISTORIA ARQUEOLÓGICA: OBRAS DE ESCAVAÇÃO DE UMA TRINCHEIRA PARA COLOCAÇÃO DE TUBULAÇÃO DE REDE TELEFÔNICA EM FRENTE À ATUAL IGREJA MATRIZ DE SÃO FRANCISCO DE BORJA
15 INTRODUÇÃO As origens deste trabalho estão atreladas à um único laudo arqueológico emitido pela arqueóloga Raquel Rech em julho de 2007, em virtude de uma obra em frente a igreja matriz, no centro da cidade de São Borja. Esta obra permitiu a evidenciação e registro de vestígios arqueológicos jesuíticos em subsolo jamais corroborados anteriormente. Com o intuito de aprofundar os estudos sobre a missão em São Borja, apresentamos um projeto ao Programa de Pós-Graduação em História. Desde o projeto inicial, houve a reorientação dos interesses da pesquisa, redirecionando o trabalho para as questões de espacialidade da Missão e a relação que esta mantém, apesar de suas estruturas não sobreviverem ao repovoamento. Para compreendermos a espacialidade da Missão Jesuítica de San Francisco de Borja, recorremos aos relatos dos viajantes que por ela passaram, dando origem ao primeiro capítulo: San Francisco de Borja por olhos viajantes A Redução de San Francisco de Borja: o primeiro dos Sete Povos das Missões orientais do Uruguai, este que objetivou a realização de uma síntese histórica sobre a ocupação colonial da região platina, tratando desde o início do segundo momento das Missões jesuíticas da banda oriental, quando emerge da intenção de um posto avançado para a missão de San Thomé, a missão de San Francisco de Borja, findando-se na desestruturação do espaço missioneiro. Para a reconstituição do passado da região platina foi fundamental, a utilização dos diários e relatos de viagem, o confronto de documentos históricos escritos, iconográficos, arquitetônicos e arqueológicos. No segundo momento do trabalho Capítulo II: Os Espaços da Missão de San Francisco de Borja, procuramos compreender que lógicas nortearam o suposto modelo de instalação das Missões Jesuíticas do Prata. Coube demonstrar a inspiração relativa às cidades luso espanholas. Com o intuito de fornecer suporte à próxima etapa do trabalho, valendo-se dos aportes teóricos que favorecem uma melhor observação do espaço e entendimento do mesmo, para a erigição do complexo Jesuítico Guarani. Em um segundo instante deste capítulo, tratamos da 15
16 importância do traçado urbano Jesuítico - Guarani, no intento de uma melhor compreensão da ocupação do espaço reducional. Com o fim de sistematizar nossa observação, destacamos o único trabalho arqueológico realizado, das demais fontes históricas escritas e iconográficas - para que pudéssemos confrontá-las e chegar a um consenso de ocupação espacial, o que ficou claro após a sobreposição de plantas. Finalizando o terceiro e último capítulo - A sobrevivência do patrimônio arqueológico, teve como objetivo a realização de uma proposta para Carta de potencial arqueológico da cidade de São Borja. Confrontadas as fontes históricas escritas, iconográficas e arqueológicas juntamente com o levantamento bibliográfico, da distribuição das evidências, foi possível fazer a sugestão de carta. E ainda, mesmo que indiretamente, este trabalho vem a incentivar a implantação de políticas de preservação de sítios arqueológicos. 16
17 1 SAN FRANCISCO DE BORJA POR OLHOS VIAJANTES A REDUÇÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA: O PRIMEIRO DOS SETE POVOS DAS MISSÕES ORIENTAIS DO URUGUAI Todos os olhares direcionados para este povoado missioneiro, erigido no século XVII, são de suma importância para uma possível reconstituição sintética das informações conhecidas atualmente, sobre o processo de povoamento da missão de San Francisco de Borja. A recomposição do espaço reducional desta missão fundamenta o indicativo para proposta da carta de potencial arqueológico da cidade de São Borja, que possuí um histórico rico em informações sobre um passado que tem tanto a contar, através dos manuscritos dos viajantes. Dando início a este capítulo, é indispensável fazermos um apanhado de modo geral, sobre o histórico da implantação desses povoados organizados pelos padres jesuítas, para que em seguida possamos inserir os relatos dos viajantes que estiveram na missão de San Francisco de Borja 1. A colonização da América pelos países Ibéricos ocasionou mudanças definitivas na vida de alguns grupos nativos pré-coloniais. A ocupação da região platina, a exemplo, se deu após a conquista do litoral sul brasileiro, inicialmente por seus colonizadores, pelo interesse em explorar a região 2. Seu intuito tendia à expansão marítima e comercial, por conseqüência o fortalecimento do mercantilismo. Foi quando Portugal e Espanha trataram em 1494 de dividir os domínios, através do Tratado de Tordesilhas 3 (mapa 1). As terras situadas a oeste do meridiano pertenciam à Espanha e a leste à Portugal. 1 Francisco de Borja, Duque de Gandia na Espanha que mais tarde passa a ser o terceiro Geral da Companhia de Jesus e por fim um dos Santos da Igreja Católica foi a inspiração para o nome do povoado. 2 Kern, Linha imaginária também conhecida como meridiano de Tordesilhas Tratado feito pelos reinos ibéricos em 1494, linha imaginária que passaria a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Ficou sob o domínio de Portugal o Atlântico sul para defesa da rota à Índia. (Gomes, 2003). 17
18 Mapa 1. No ano de 1494 os países ibéricos trataram a divisão dos territórios através do tratado de Tordesilhas. 4 Trinta anos depois do achamento do Brasil, ocorreu a primeira divisão administrativa do território, através do sistema de Capitanias Hereditárias (mapa 2), pois as cartas geográficas não eram precisas na delimitação da parte da América do Sul que, conforme o tratado assinado em 1494 caberia a Portugal. Quarenta anos após, a Companhia de Jesus 5, já encaminhava os missionários ao Brasil. Dentre esta primeira leva de cinco missionários, estavam o Pe. Manuel da Nóbrega e o Pe. José de Anchieta que primeiramente estabeleceram residência na Bahia. A companhia de Jesus considerava subdivisões no Brasil, as províncias, 4 Fonte: Acesso em 20 de jan. de Instituição fundada pelo Pe. Íñigo López de Loyola, aprovada em 27 de setembro de 1540 pelo Papa Paulo III, através da Bula Regimini militantis Ecclesiae. (Botero, s/d) 18
19 dentre estas, estava a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, onde se encontra o objeto de estudo desta pesquisa. 6 Mapa 2. De Luís Teixeira (c.1574) com a divisão da América portuguesa em capitanias. 7 6 Fazendo um breve retrospecto histórico, a região do Tape da então Província Jesuítica do Paraguai compreendia em parte a região posteriormente denominada pela administração colonial portuguesa de Capitania do Rio Grande de São Pedro (1760), à qual era subordinada à Capitania do Rio de Janeiro. Esta deu origem à Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul ( ), e à conseguinte Província de São Pedro do Rio Grande do Sul ( ), que viria a dar origem ao atual estado do Rio Grande do Sul, após a proclamação da República brasileira. 7 Origem: Biblioteca da Ajuda (Lisboa). Fonte: Wikimedia Commons. 19
20 O atual Rio Grande do Sul compreendia a regi~o conhecida por Tape, dentro da Província Jesuítica do Paraguai. O Rio Grande do Sul, conforme sua configuração geográfica atual, limita-se ao norte com o estado de Santa Catarina por 958 km, a oeste o estado faz fronteira com a Argentina, por 724km ao sul com a República Oriental do Uruguai por 1003 km e a leste limita-se com a orla marítima do Atlântico. Mapa 3. Limites territoriais do Rio Grande do Sul. 8 Das características geomorfológicas, apresenta formações geológicas influentes no relevo dando forma à cinco regiões morfológicas: Planícies, Planalto, Escudo Sul Rio-Grandense, Campanha Gaúcha e Depressão Central. A cidade de São Borja está enquadrada na microrregião da Campanha. O Pampa Gaúcho é composto por solos cristalinos e de pequenas ondulações, com algumas elevações 9 que também chamamos de coxilhas. 8 Fonte: NuGeo/URI. 9 Freitas,
21 Posteriormente ao Tratado de Tordesilhas, outros tratados delimitaram os territórios de Portugal e Espanha, e de certa forma desorganizaram a vida dos Guarani Missioneiros, como o Tratado de Madrid, o Tratado de El Pardo, o Tratado de Santo Ildefonso 10 e o Tratado de Badajós. O mapa 4 representa alguns limites estabelecidos pelos tratados e as mudanças de território por eles ocasionados. Decorridos os conflitos com os bandeirantes, os Sete Povos missioneiros foram envolvidos nos conflitos fronteiriços, desde a sua concepção até o seu declínio. Mapa 4. Representando os limites adotados segundo alguns tratados Firmado em 01/10/1777 pelo qual Portugal entregava Colônia de Sacramento e os Sete Povos em troca da Ilha de Santa Catarina a qual já tinha se apossado por conquista. 11 Fonte: NuGeo/URI. Adaptação do mapa original. Arte gráfica: Kelli Bisonhim. 21
22 A implantação das Missões Jesuíticas (mapa 5) ocorreu em dois momentos. A primeira fase teve início em 1626, em virtude da expulsão de alguns padres do Guairá pelos bandeirantes, estes juntamente com alguns padres vindos da Europa como reforços para os expulsos do Guairá, deram continuidade ao trabalho das Missões, iniciando o estabelecimento das reduções da primeira fase missioneira no território do atual RS, e findou-se em 1640 na mesma época do fim da união entre as Coroas Ibéricas, resultando na batalha do M Bororé que incidiu entre 1640 a 1641 envolvendo os bandeirantes - que buscavam apresamento dos índios e a destruição das Missões - contra os próprios índios reduzidos, que acabaram saindo vitoriosos desta batalha, porém, após a luta, tanto índios como jesuítas optaram em migrar para o oeste do Rio Uruguai. 12 Mapa 5. Representando as Missões do Tape antes da transmigração de Entre 1580 e 1640 foi o período de união das coroas Ibéricas, após a legalização do governo de Felipe II rei da Espanha, sucessor legítimo através do parentesco de sua mãe D. Isabel filha de D. Manuel antigo rei de Portugal. (Quevedo, 2003) 13 Fonte: Lâmina XLIV, n. de Catálogo 94 (Barcelos, CD Rom). 22
23 A segunda fase dos Sete Povos das Missões, compreendeu o período de 1682 a Nesta fase foi implantada a missão jesuítica a ser analisada nesta pesquisa, San Francisco de Borja. A primeira redução dos Sete Povos das Missões orientais do Uruguai, a ser instalada à margem esquerda do Rio Uruguai. Esta missão de origem Tape foi erigida em 1682, oriunda da redução de Santo Thomé 14, teve como fundador o padre espanhol Francisco Garcia de Prada. O mapa 6, na página seguinte, ilustra os Trinta Povoados missioneiros, conferido ao Pe. Joseph Cardiel apresenta os caminhos para as capelas, que acabavam interligando as trinta reduções jesuíticas Fundada em 1632, pelos Padres Luíz Ernot e Manuel Berthot nas proximidades do Rio Ibicuí, no entanto precisou mudar-se para a margem ocidental do Rio Uruguai em virtude dos ataques bandeirantes em março de 1639, sua população era superior a duas mil almas. (Porto, 1954). 15 Barcelos,
24 Mapa 6. Missões dos índios Guarani do Pe. Joseph Cardiel. Ano de Ilustra a localização dos 30 povoados Guarani cristianizados entre os rios Paraguai e Uruguai Barcelos, 2006 (CD Rom). 24
25 Aurélio Porto levantou a discussão quanto à data de fundação da Missão, e as possíveis datas de fundação 17, Teschauer dá para a fundação de São Borja a data de Porém documentos por nós exumados da preciosa Colecção de Ângelis, fonte principal deste trabalho, autorizam-nos a recuar essa data para 1682, o que dá a São Borja prerrogativas de pioneira da segunda fase de civilização jesuítica na Banda Oriental. 18 Outro viajante a atribuir o ano de 1690, para a fundação do povoado foi Félix Azara 19, este que tem como data de passagem na missão de San Francisco de Borja em 16 de novembro de 1787, descreveu a localização datando a fundação da missão: Es colonia de Santo Tomé de quien se apartó en 1690 situándose donde hoy está nos lejos del Rio Uruguay en su banda oriental en de latitud y de longitud y la aguja varia 12 grados al NE. Ignoro su población actual; pero en tiempo de la expulsión tenía 2761 almas. 20 No ano de 1687, esta redução recebeu um reforço de famílias vindas de São Tomé. San Francisco de Borja recebeu também índios do povoado Jesus Maria dos Guenoas anexados à população inicial da missão, desde el año de su división de 1682, compunha-se de 1952 almas de índios baptizados, oriundo de São Tomé, que se radicaram ali. O documento justificativo dessa asserção refere-se a baptismos do Povo de São Borja, em cujos livros não existem notas sobre esses primeiros povoadores, que constarão dos assentos de São Tomé,[...] 21. Em 1732 o cura de San Francisco de Borja, fez uma solicitação ao cura de São Tomé, para rever os livros de batismos buscando uma explicação para o motivo das 1952 almas, não estarem nos registros pertencentes a missão de San Francisco de Borja, e diz: Estes 1952 são os que vieram na divisão e vieram a São Borja não estão incluídos na lista dos párvulos nem na dos adultos, porque apenas vieram os seus nomes, mas não os anos do seu baptismo... E 17 Pesquisadores recentes, como Colvero & Maurer, também levantam a problemática das diferentes datas de fundação desta redução. 18 Porto, 1954, p Azara, 1969 e 1904, p. 306 e p Azara, 1904, p Porto, 1954, p
26 assim vão só desde o ano da sua transmigração de 1687, donde se começou aqui o livro novo de São Borja. 22 Pe. Garcia, sentindo necessidade de uma colônia para a Redução de Santo Thomé desmembrou famílias para o novo povoado criado, o qual chamou de São Francisco de Borja. Foram inicialmente 1952 nativos migrados, compondo a mais nova missão jesuítica. Mais tarde uma nova leva vinda de Santo Thomé agregou-se a eles, aproximadamente 1000 índios em Não encontramos registros para os anos entre 1687 a 1690, quando identificamos uma queda de 556 almas. Em 1690 o povoado contava com 2396 almas, mais tarde, em 1707, San Francisco de Borja continha 2814 habitantes 23. Já em 1750, conforme o mapa 7, a contagem resultou em 632 famílias e em 3435 almas. O gráfico 1 representa dados bibliográficos, apresenta uma estimativa do crescimento demográfico desde o ano de fundação em 1682 a 1750, conforme o número de almas agregadas. Crescimento Demográfico Almas Baixa Gráfico 1. Crescimento demográfico da missão de San Francisco de Borja até o ano de O mapa 7 foi elaborado em 1750 por autor desconhecido, que o denominou Mapa das Missões dos Índios Guarani, apresentando uma contagem as famílias e almas dos 30 povoados, a localização das Missões, capelas e cidades espanholas. 22 Porto, 1954, p Simon,
27 Mapa 7. De autor desconhecido representa as Missões de índios Guarani em 1750 e recorte da legenda Fonte: Barcelos (S/d), CD - ROM. Apud. Kern, Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino - AHU (Cartografia Manuscrita do Brasil, 1251). 27
28 A REDUÇÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA VISTA POR VIAJANTES Alguns viajantes passaram pela missão de San Francisco de Borja, em diferentes momentos, e fizeram seus registros em seus diários relatando a situação que se encontrava a redução. A importância do uso do diário como fonte de pesquisa, se dá através do privilegiado olhar individual 25 que o autor proporciona, caracterizado pela singularidade em cada anotação. Por mais que muitas vezes o diário possa se apresentar de uma maneira saltitante e irregular 26, o di rio é resultado do sentimento de uma identidade pulverizada, por descobrir e inventariar não raro, aliás, socorrendo-se de uma contensão expressiva próxima da linguagem poética ou do aforismo O manuscrito do dia-a-dia relatando o cotidiano de um viajante pode ser, a forma textual mais fácil de ser identificada entre os escritos voltados a registrar os acontecimentos pretéritos. A característica predominante dele é a anotação geralmente imediata dos fatos acompanhados de uma indicação do dia em que os acontecimentos transcorreram. Os documentos mais eloqüentes dessa prática escriturária missioneira são textos que apresentam uma narrativa ordenada de maneira cronológica. 29 Esses documentos nos permitem analisar a maneira como percebiam os acontecimentos e o interesse de realizar o registro dos mesmos Auguste de Saint-Hilaire Saint-Hilaire 30 chegou ao Brasil no século XIX, tinha interesse de catalogar novas espécies de plantas. Fez anotações em seu diário por onde passou 25 Mathias, Idem. 27 Sentença curta e doutrinal tida como regra em alguma ciência ou arte. (Dicionário Academia Brasileira de Letras, 2008) 28 Ibidem, p Neumann, 2005, p Auguste de Saint-Hilaire nasceu em Orleans em 4 de outubro de 1779 e morreu em 30 de setembro de De família nobre, passou alguns anos de sua juventude na Alemanha, quando retornou à França, dedicou-se à história natural, publicando diversos artigos em revistas especializadas. Em 1816, na ocasião de sua partida para o Brasil, Saint-Hilaire já tinha trinta e sete 28
29 descrevendo minuciosamente o que via. Ele inicia seus relatos sobre San Borja em 19 de fevereiro de Em seu diário, Saint-Hilaire faz de uma maneira geral, anotações sobre tudo que vê, mas em especial sobre a parte arquitetônica e de certa forma sobre a disposição dos espaços. Em seus apontamentos, fala sobre o calor e o cansaço dos bois que faziam o transporte de suas coisas e enquanto desatrelavam os bichos, seguiu deixando os outros empregados sobre o abrigo de pessegueiros, já inteiramente sem frutos, como botânico, ele fazia suas observações quando e como via as plantas, durante seus comentários sobre o que via no trajeto até São Borja, ele observou que os pessegueiros onde havia deixado os empregados, estavam sem frutos e complementa dizendo que os brasileiros s~o incapazes de menor sacrifício para o futuro. Mais adiante, identifica um lodaçal e então avista de longe, primeiro a igreja de San Borja, depois o povoado. O botânico descreve as casas, como simples cabanas esparsas, sem plantação por perto. Ao adentrar no povoado a primeira imagem que lhe chama atenção é a da igreja, impressiona-se com o estado de decadência e abandono, e mais ainda com o aspecto militar sob o qual ela se apresenta. O que antes foi o lugar da residência dos jesuítas, naquele momento era a casa do comandante onde estavam canhões alinhados e a cada passo encontrava sentinelas, soldados e fuzis. Enquanto andava pelo povoado seguia descrevendo o trajeto, no caminho encontrou cabanas de índios as quais apresenta - nessas habitações vêem-se redes, onde quase sempre, est uma mulher deitada com indolência 31. Saint- Hilaire costumava fazer este tipo de comentário, quanto à aparência e índole das pessoas que encontrava em suas visitas nos seus mais diversos destinos. No dia seguinte, 20 de fevereiro, Saint-Hilaire faz a descrição da igreja, sendo que no dia anterior ao cair da tarde, vai até àquela construção já um tanto quanto destruída. Segue descrevendo que para entrar na igreja, ele passou por três degraus de pedra, um amplo pórtico sustentado por quatro filas de colunas de madeira, sendo que estas de ordem dórica inseridas em duplas sobre o mesmo pedestal. Passando o pórtico haviam três portas, esculpidas e pintadas, as duas anos e possuía conhecimentos botânicos extensos, tendo publicado sobre a flora francesa, particularmente sobre a anatomia dos frutos. (Kury, 1995) 31 Saint-Hilaire, 1987, p
30 menores davam acesso ás naves laterais, enquanto que a porta maior dava entrada à nave central, esta que estava separada das demais por oito arcos, que por sua vez, tinham como sustentação colunas de madeira de ordem jônica, dispostas duas a duas sobre o mesmo pedestal. E ele segue a descrever: entre as portas vêem-se nas paredes colossais estátuas de santos, pintadas de forma grosseira. A igreja é construída de alvenaria; mas por não se achar até a presente pedra de cal na região, substituíam a cal pela terra batida. Por baixo dos muros empregam reboco, composto de areia, barro e esterco de vaca que, asseguraram-me, não se desmanchou jamais pelas chuvas mais incessantes e copiosas [...]. O interior da igreja está pavimentado de ladrilhos muito irregulares, a abóbada é alta, mas de madeira, porque a falta de cal não permite construí-la de pedras. Contei cento e dezesseis passos da porta principal ao altar-mor, e quarenta e três e uma parede a outra. 32 Ainda no interior da igreja, encontravam-se três altares, sendo um que integrava a nave central e os outros dois as laterais. Na opinião do botânico, as imagens de santos que ainda estavam dispostas no altar-mor, foram muito mal esculpidas, porém, o mesmo estava ornamentado em dourado até a abóbada, o que acabava compensando e tirando o foco das imagens. Também próximo do altarmor, estava um espaço elevado de maneira isolada de forma oval, destinado aos músicos. Havia sacristias dos dois lados da igreja. Não havia campanário ou torre, os sinos estavam no antigo pátio do convento, resguardados sob uma cobertura simples de telhas, o acesso aos sinos se dava por uma escada de madeira. A igreja de San Francisco de Borja como as demais (exceto San Angel Custódio) estava voltada para o norte. Apesar de se manter limpa, mas por apresentar grande parte de sua construção em madeira, pela falta de cal, logo a igreja estaria em ruínas, pois não eram feitos reparos à edificação há bastante tempo. No dia 22 de fevereiro de 1821, o viajante francês descreve o local onde fora instalada a redução e onde ainda permanecera a aldeia, situada em uma ligeira elevação, em sítio entrecortado e pastagens e de bosquetes. A uma légua ao norte, encontra-se o Uruguai, que corre 32 Saint-Hilaire, 1987, p
31 majestosamente entre duas orlas de bosques cerrados, densos pouco diferentes das florestas virgens. 33 O local de instalação desta missão estava cercado por amplos lodaçais, a região era úmida, as pastagens não eram de boa qualidade e ainda havia nuvens de mosquitos. Não havia riachos, nem fontes nas proximidades do povoado. Quanto ao convento, media entorno de duzentos passos, todo o conjunto de construções dispostas no mesmo sentido, a área que se estendia das laterais da igreja, as casas dos índios juntamente com o colégio e oficinas davam à praça um formato quadrangular. Da entrada do pátio interno do complexo jesuítico até a porta da clausura dos padres, Saint-Hilaire contou 68 passos, e da parede da igreja até a parede do lado oposto foram 76 passos. As paredes deste lado do complexo jesuítico são de mesma espessura que as da igreja, construído em três lances de apenas um pavimento, coberto por telhas que ultrapassavam o limite do muro, formando o alpendre, que por sua vez, entornava seis passos, sustentado por colunas de madeira. Dos três lados da praça que contemplam as habitações, esses se subdividiam em dois corpos de construções separados por ruas, cada casa estava alocada individualmente formando uma quadra. Estas casas eram habitadas pelos índios, uma única manzana 34 abrigava entre duas ou mais famílias, separadas por apenas uma parede, interiormente não havia acesso entre as casas, não possuíam janelas e sim duas portas, uma dando passagem para a rua de fundos e a outra porta dando vistas à praça central. Estas casas eram cobertas por telhas, seu telhado era sustentado por pilares em pedra que davam forma ao avarandado, que permitia a circulação dos indivíduos no entorno da casa abrigados do sol ou da chuva. Tais casas se constituem por peça bem alta, quase quadrada e em torno de vinte palmos, em todos os sentidos [...] 35. Nos quatro cantos da praça havia capelas. Das demais construções paralelas a praça, só restavam duas, que sediavam o quartel do regimento Guarani. Além de administrador, conservavam-se ainda em São Borja dois cargos que remontavam ao tempo dos jesuítas: o cunhanrequaro 33 Saint-Hilaire, 1987, p Cada manzana correspondia a uma quadra e estas quadras alinhadas davam forma ao traçado das ruas. 35 Saint-Hilaire, 1987, p
32 (guardião de mulheres) e o avanuquaro (guardião dos homens) 36. Da quinta dos padres 37, Saint-Hilaire diz que só restavam laranjeiras e pessegueiros, de resto sem cultivo algum Louis-Frédéric Arsène Isabelle Louis-Frédéric Arsène Isabelle 38 chega ao porto de São Borja, em meados do século XIX depois de Saint-Hilaire. O povoado localizava-se a mais de uma légua do porto, chegando à praça central o viajante afirma com convicção, que as Missões do Uruguai estão todas construídas pouco mais ou menos sobre um mesmo plano, bastava descrever uma para se ter idéia das outras. 39 Realmente o plano urbanístico seguia algumas exigências para sua instalação, como por exemplo, as Leyes de Indias, mas nem sempre o espaço para o qual estava destinado para erigir a missão, era compatível com o plano pré-determinado, como veremos no capítulo seguinte. Na descrição do interior da igreja, Isabelle não foge dos mesmos comentários que fez o naturalista Saint-Hilaire, porém não tão detalhados quanto à descrição do botânico. A cúpula lhe chamou a atenção, apesar de ser em madeira, por suas pinturas que lhe pareceram muito bonitas, duas filas de colunas de madeira dura, de ordem toscana ou rústica, sustentam a armação no meio e formavam uma nave. Os ornamentos foram levados; não restam mais do que dos altares dos lados, mas encontramos grande parte de ornamentos amontoados confusamente em duas peças laterais, que serviram outrora de sacristia. 40 Falando do exterior do teatro de luxo, denominaç~o que utilizou fazendo referência à igreja, nada tinha de not vel, eram simplesmente quatro muralhas de 36 Saint-Hilaire, 1987, p Grande pomar atrás da igreja cercado por muros. 38 Viajante que também fez sua contribuição, para os registros históricos das Missões orientais do prata. Além do gosto por viajar, sua tendência à naturalista o fez embarcar rumo a América do Sul no século XIX, deixando a França para uma vida cheia de vicissitudes. 39 Isabelle, 1983, p Isabelle, 1983, p
33 pedra talhada 41, que ainda sustentavam o teto de telhas. Da mesma maneira que o pórtico, estava sob sustentação de colunas de madeira de lei. A igreja não possuía campanário e nem ao menos naves laterais, o que lhe dava a forma de um grande quadrado Hemetério José Velloso da Silveira 42 Na segunda metade do século XIX, outro viajante visita as ruínas de San Francisco de Borja, Hemetério José Velloso da Silveira. Assim que chega ao povoado, ele tem uma visão diferente da redução jesuítica que existia em São Borja, contrária a dos viajantes que por ali passaram em visita às ruínas, ele constata que grande parte das mesmas desapareceu. Apenas restavam no entorno da praça central três casas, porém seus alpendres e colunas se encontravam destruídos. O colégio teria passado por mudanças e adaptações, as celas que antigamente serviram para recolhimento individual dos padres jesuítas, neste momento passara a ter utilidade para o aquartelamento e prisão militar. As oficinas não foram vistas pelo viajante, o cotiguaçu que é o espaço de recolhimento dos órfãos e viúvas, estava naquele momento ocupado por três casas particulares. O que seria o hospital e os cárceres da redução, como descreveu o viajante, outrora serviram de igreja, e por fim, foram transformados em depósito de artigos bélicos e ainda parte do mesmo era a casa do vigário. Onde se localizava o colégio converteu-se em quartel e prisão militar. Até mesmo uma nova igreja com início de construção datada em 1846, jamais acabada, ocupava o lugar da antiga, porém quatros vezes menor que a anterior. No interior da nova igreja ele observa o corpo da mesma, totalmente destelhado de paredes não rebocadas, ao fundo a capela maior rebocada apenas em seu interior, estava o altar menor da igreja jesuíta. Em um dos lados da igreja, o qual o viajante não relata, permanecia o campan rio em madeira, bem tosco e pendentes três sinos: um muito grande com 41 Idem. 42 Historiador e advogado pernambucano que veio para o Rio Grande do Sul como Juíz de Direito e depois, abandonando a Magistratura, passou à advocacia andando por todo o Rio Grande a cavalo para atender sua profissão. Visitou a região das Missões em 1855 e (Fonte: Acesso em 30 de Janeiro de 2011). 33
34 esta inscrição: Sancté Stanislaus Kostcka ora pro nobis e logo abaixo In oppido Sancti Caroli A. D. (anno domini) No segundo sino havia a inscrição Gratias agimus tibi Domini e no terceiro sino estava a seguinte inscriç~o: Ave Maria Gartia Plena Dominus tecum. 43 O viajante segue descrevendo a cidade, a praça ainda mantinha-se como na reduç~o com 280 metros em cada face, havia mais três praças, a cidade era composta por oito ruas paralelas de leste a oeste e sete de sul a norte, totalizando quinze ruas, estas que contavam com 635 casas somadas a área rural contabilizavam cerca de 5000 habitantes. Quanto ao cemitério apenas menciona que se encontrava muito povoado de túmulos, est quase contíguo a cidade. Salienta que a cidade estava a cinco quilômetros do Rio Uruguai e que a cidade contava com a pouca água da fonte de São Pedro ou da chuva reservada em poucas cisternas. 44 A seguir, a imagem correspondendo o relato de Silveira, saindo da praça central da antiga Redução de San Francisco de Borja a distância calculada foi de 5,01km do centro da praça até o Rio Uruguai (mapa 8). 43 Silveira, 1979, p Idem. 34
35 Mapa 8. Imagem de satélite da atual cidade de São Borja distanciada em relação ao Rio Uruguai em 5,01km Alexandre Baguet 45 Em 22 de outubro de 1845 Alexandre Baguet chega em São Borja, onde foi acomodado no antigo colégio dos jesuítas, estrutura grande completamente avarandada, porém pendendo a tornar-se ruína. O viajante faz a descrição de um ambiente onde havia um jardim bonito, uma alameda com centenas de metros de comprimento 46 e ainda muitos pés de laranjeiras plantadas, era o local de descanso e refúgio do sol para os padres, possivelmente referia-se à quinta. A guarnição do posto da missão, era estabelecida pelos próprios índios Guarani, que por sua vez, só falavam o Guarani. 45 Viajante belga que acompanhado de um militar americano atravessou o Rio Grande do Sul em 1845, recém findada a revolução Farroupilha, e atravessou a fronteira rumo ao Paraguai. Deixou um caderno de viagens onde relatou de forma simples o que viu, pois era um comerciante e não um homem de letras. 46 Baguet, 1997, p
36 O Belga descreve a igreja da missão como apenas quatro paredes, porém deveria ter sido uma edificação notável, bem como ele cita para a época que foi construída e tão poucos eram os recursos que existiam. Além das quatro paredes o acervo de capitéis, ornamentos em geral, estátuas, frontões e algumas colunas quebradas ainda se mantinham. Dos materiais utilizados para a construção do templo, os barrotes estavam em pé, pois a madeira persistente ao tempo e resistia ainda ao machado. As pedras que compunham as paredes, eram grandes e vermelhas, porém, não soube contar de onde foram extraídas D. Francisco Graell 47 No diário de D. Francisco Graell ele registra os fatos recorrentes desde o dia 5 de dezembro de 1755 e seguindo até o dia 21 de junho de O capitão dos Dragões Dom Francisco Graell, conservou seu diário durante toda a expedição, que tinha como finalidade executar os limites do tratado 48 contra os Sete Povos revoltosos narrando as estratégias de tomada. No dia 6 de janeiro de 1756, parte da tropa permanece acampada próximo do arroio Palleros, no Uruguai a espera do tenente D. Antonio Pintos Carnero, que trazia consigo uma carta de Gomes Freire, onde propõe que, sendo a cabeceira do Rio Negro caminho necessário no caso de entramos nas Missões por Santa Tecla, sua Excelência achava conveniente suspender a marcha em dita ilha, para que ali se juntem as tropas das duas coroas, porque desta forma a tropa a seu cargo não terá que descer ao Aceguá, poupando-se três ou mais marchas de ida e outras tantas de volta e, tendo concordado nosso chefe, no dia seguinte prosseguiu a marcha. 49 A tropa parte pelo Uruguai em direção as Missões, durante todo o trajeto outros tantos combatentes aderem à tropa, uma primeira leva de 200 homens e depois uma segunda de 800 homens. 47 Oficial representante da coroa Espanhola, demarcador do limites estabelecidos pelo tratado de Madrid. 48 Tratado de Madrid, acordado em 31 de janeiro de 1750 pela coroa Luso-espanhola. 49 Graell, 1998, p
37 1.1.6 João Pedro Gay 50 O Cônego descreve as estruturas que restaram da missão, assim como Silveira, Gay também fala sobre o hospital que acabou sendo utilizado como igreja, este que em 1856 foi reformado. O colégio encontra-se em ruínas. Quanto à igreja missioneira, diz que já havia desaparecido há muitos anos, porém os alicerces podiam ser vistos, após 1820 as goteiras acabaram de levar a estrutura arquitetônica à ruína. A construção da nova igreja teve início em Aurélio Porto 52 San Francisco de Borja é o mais antigo dos Sete Povos das Missões, teve origem através das atividades militares que acabaram forçando San Thomé à criação de um posto militar de emergência, para a defesa do território que estava sendo ameaçado pela invasão de Portugal. A retomada militar teve início em 1680, conforme documentos já estudados, um exército missioneiro, custodiado pelos Padres João de Anaya e José Texedas e sob o comando geral do Corregedor de São Tomé D. Cristóvão Capiy, transpôs aquele passo e atacou D. Manuel Lobo, destruindo a praça portuguesa, fundada meses antes à margem meridional do Prata. 53 O posto militar de emergência avançado do lado oriental do Rio Uruguai, estava distanciado do centro da missão de San Thomé em aproximadamente 12,57km (mapa 9) em linha reta da praça central da Missão de San Francisco de Borja. San Thomé já fazia sua passagem pelo passo do São Borja para o território 50 Nascido em Grenoble (FRA) em 20 de novembro de Terminou o curso de Ciências Eclesiásticas no Seminário de Gap e foi ordenado presbítero em julho de 1840, Seguiu para o Rio Grande do Sul e a 24 de fevereiro de 1850 foi empossado em São Borja (RS) como vigário. Permaneceu em São Borja, durante 24 anos, deslocando-se depois para Uruguaiana, onde veio a falecer em 10 de maio de Gay, Aurélio Porto nasceu em Cachoeira do Sul (RS) em 25 de janeiro de 1879, foi diretor do jornal O Progresso de Rosário (1899), fundador e diretor da Revista do Imposto Único, de 1920 a Redator dos Anais do Itamarati, Rio de Janeiro. Membro da Academia Rio-grandense de Letras. Principal obra: História das Missões Orientais do Uruguai. Faleceu em 1945, no Rio de Janeiro. (Klein, 2009) 53 Porto, 1954, p
38 rio-grandense para a extração de gado vacum e ainda era caminho para os soldados que seguiam para a fundação da Colônia do Sacramento. Mapa 9. Imagem de satélite das cidades modernas de São Tomé e São Borja. A primeira San Thomé foi fundada pelos padres Luís Ernot e Manuel Berthot em 1632 do lado oriental do Uruguai, posteriormente transferida para o lado ocidental do Uruguai em virtude dos ataques bandeirantes, esta transmigração ocorreu em março 1639, cuja população ultrapassava as duas mil almas 54. Como já dissemos anteriormente San Francisco de Borja recebeu a primeira leva de índios em 1682, vindos de San Thomé cerca de 1952 almas, estas que estavam apenas registradas no livro de batismos em San Thomé, são os índios que foram na divisão da Redução em San Thomé e foram enviados à São Borja, eles não estavam inclusos nas listas de párvulos nem mesmo na dos adultos, foram enviados apenas os seus nomes. 55 O material humano utilizado para fundar a Missão do lado oriental do Rio Uruguai, foi o melhor possível, pois quando os 54 Idem. 55 Idem, p
39 padres entraram na aldeia em 13 de junho de 1632 encontraram um povo dócil, o que facilitou o trabalho dos Jesuítas. Os responsáveis pela organização social dos Povoados eram os caciques juntamente com os cabildantes Carlos Teschauer 56 O Padre descreve a localização das oficinas, que se situavam no pátio interior do colégio, facilitando o trabalho de acompanhamento dos artesãos. Ao adentrar pela porta principal no colégio, esta, que está voltada para a praça, a direita, estaria o segundo pátio, o qual estava entrecortado por alpendres Robert Christian Berthold Avé-Lallemant 58 O viajante alemão chegou à antiga missão de São Borja no dia 09 de abril de E logo inicia sua descrição, quanto à pequena cidade de ruas regulares. Por toda a parte poderia ser vistos vestígios jesuíticos do burgo 59. Parte da parede servia de cerca para o pomar. Os blocos de pedra foram reutilizados para a construção de novas residências nas proximidades do antigo complexo jesuítico. Do centro da praça ele avista a antiga igreja, novamente abobadada, mas o restante da estrutura já se mostrava como ruína. 56 Teschauer nascido em 10 de abril de 1851, Birstein/Alemanha. Tornou-se jesuíta em 1874 e veio para o Brasil em 1880, fixando-se no Rio Grande do Sul. Faleceu em 16 de agosto de 1930 em São Leopoldo/RS.(Fonte: Acesso em 18 de janeiro de 2011). 57 Teschauer, 2002 p Nascido em 25 de julho de 1812 em Lübeck, Alemanha. Em 1836 estabeleceu-se no Brasil, estabelecendo-se como médico no Rio de Janeiro. Avé-Lallemant abandonou a expedição no Rio de Janeiro, iniciando então a viajar sozinho pelo Brasil. Estas expedições foram apoiadas pessoalmente por D. Pedro II. Faleceu aos 72 anos em sua cidade natal. (Fonte: Acesso em 20 de janeiro de 2011). 59 Avé-Lallemant,
40 Luíz Felipe Maria Fernando Gast~o d Orleans, Conde D Eu 60 Em seu di rio de viagem Conde D Eu descreve sua chegada em S~o Borja a partir do dia 28 de setembro de 1865, subentende-se esta data através de uma anotação em páginas anteriores datadas em primeiro de setembro, o ano consta apenas na introdução deste diário. A vista de São Borja lhe passou a impressão de ser um lugar, agradável, abrigada em meio aos suntuosos laranjais, mas, ao entrar na praça principal, nos deparamos com um aspecto desolador. [...] Um edifício muito sujo e baixo, feito de taipa, apoiado em colunas de madeira, que era uma das quatro faces do colégio deles, outro edifício do mesmo gênero que se diz ter-lhes servido de hospital, e só os alicerces de pedras de cantaria da sua gigantesca igreja. A maior parte das outras pedras deste templo foram empregadas na construção de outro que se começou em 1846, menor que o dos jesuítas [...] Francisco Javier Brabo Quanto aos aspectos internos da igreja, Francisco Javier Brabo62 publica, em 1872, o inventário do povoado de San Francisco de Borja, descrevendo minuciosamente todos os detalhes encontrados, como várias casulas brancas, capas bordadas inclusive de veludo e de brocado, vários tipos de vestimentas para rituais religiosos, toalhas bordadas alfaias (objetos de prata, utilizado nas celebrações) vestuário de cabildantes, militares e dançarinos. A cultura Missioneira começou a desmoronar com as primeiras invasões dos espanhóis e portugueses, e arruinou-se de vez com a expulsão dos jesuítas. Em 60 Nascido na França: Louis Phillipe Marie Ferdinand Gaston d'orléans et Saxe-Cobourg et Gotha; Neuilly-sur-Seine, 28 de abril de 1842 Oceano Atlântico, 28 de agosto de Tornou-se príncipe imperial consorte do Brasil (criado para os herdeiros aparentes dos Imperadores D. Pedro I e D. Pedro II) por seu casamento com a princesa Isabel Cristina Leopoldina de Bragança, filha do último imperador do Brasil Dom Pedro II. Era neto de um rei de França. Faleceu quando voltava ao Brasil para celebrar o centenário da Independência brasileira. (Fonte: Acesso em 20 de janeiro de 2011). 61 Eu, Brabo (1872, 25-38). 40
41 1761, o Tratado de Madrid é anulado, e entra em vigor o tratado de El Pardo, que diz aos índios que resistiram aos conflitos durante a Guerra Guaranítica que voltassem às Missões. A saída dos padres Jesuítas foi ordenada por Carlos III, rei da Espanha, em 27 de fevereiro de 1767, de todo o território espanhol. A ordem dos jesuítas foi abolida somente em 1773, pelo Papa Clemente XIX. A partir deste momento as Missões passaram a ser administradas pelo governador Tenente General D. Francisco de Paula Bucareli y Orsua. A conversão do território das Missões para Portugal se deu, através do Tratado de Badajós 63 consolidado em 1801, a fim de resolver questões políticas. Todas as informações obtidas, através do registro dos relatos feitos pelos viajantes do século XIX, concernem à importância da compilação dos dados alcançados estritamente sobre a Missão de San Francisco de Borja, e ainda, no que diz respeito aos subsídios, nos fornece elementos para a elaboração e obtenção da carta de potencial arqueológico de São Borja, a qual este trabalho se propõe a fornecer. A amarração dos documentos nos apresenta, além da localização de grande parte dos espaços da missão, nos mune de alguns detalhes importantes para a reconstituição hipotética da Missão de San Borja (vide Apêndice A) nos proporcionando uma breve viagem pelo Complexo Jesuítico (vide Apêndice B 64 ). 63 Retoma a linha do Tratado de Madrid, reafirmando fronteiras já estabelecidas. 64 Vídeo A estrutura sócio-espacial da Missão de San Francisco de Borja por olhos viajantes. 41
42 2 OS ESPAÇOS DA MISSÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA Este estudo visa estabelecer características da historicidade de uma missão jesuítica, erigida no século XVII, o primogênito dos Sete Povos Missioneiros - San Francisco de Borja, em face de particularidades sócio-espaciais específicas. Diante do imperativo de definir marcos para a abordagem, sob o risco de incidir em superficialidades, temos aqui como objetivo, esboçar sobre uma Arqueologia que pode ser chamada de Contextual, valendo-se das práticas da Arqueologia Espacial 65, e ainda, bem como Kern se refere sobre uma das abordagens de Hodder, tanto aos aspectos arqueológicos da cultura material quanto seus significados simbólicos. Define-se de maneira paradigmática um modelo complexo e de múltiplas vari veis 66. É através da pesquisa arqueológica, que podemos observar o intricado processo histórico de povoamento das Missões Jesuíticas erigidas no Brasil, sendo assim, empregando um ponto de vista diferenciado daquele que os documentos escritos nos sugerem. Fazendo uso novamente das palavras de Kern, a noç~o do processo histórico global amplia os horizontes dos indivíduos [...] favorecendo a valorização dos bens culturais, t~o importantes quanto os documentos escritos 67. Abordaremos aqui, parte o processo de transculturação 68 e ocupação da região platina desde a conquista do litoral sul brasileiro, cujo intuito dos colonizadores tendia apenas à expansão marítima e comercial e, por consequência, o fortalecimento do mercantilismo. Foi quando Portugal e Espanha trataram em 1494 de dividir os domínios assinando o Tratado de Tordesilhas, e partindo deste acordo, os países ibéricos foram estabelecendo seus núcleos urbanos 69. Os espanhóis, que foram os povoadores da região missioneira, tinham sob seu 65 A Arqueologia do espaço vem requerer métodos apropriados à situação dos sítios arqueológicos alguns casos como o de São Borja, Santo Ângelo e São Luiz Gonzaga à exemplo, locais de antigas Reduções Jesuíticas que foram repovoadas, hoje são municípios modernos, cujas estruturas de sobrepuseram aos vestígios arqueológicos (Barcelos, 2000). A possibilidade de resgatar parte desses vestígios pode ocorrer por ocasião de monitoramento arqueológico de obras realizadas nos centros históricos destas cidades modernas, a exemplo das pesquisas arqueológicas que vêm ocorrendo no município de Santo Ângelo, que vem apresentando suas descobertas arqueológicas na forma de um museu a céu aberto, além de mapear estruturas arqueológicas em subsolo (Rech 2007, 2008, 2010a e 2010b). 66 Kern, Kern, Kern, Kern,
43 domínio a região platina e dedicavam-se a atividades pastoris e a relações comerciais. Ambas as coroas estavam em busca do enriquecimento às custas do trabalho escravo indígena. Estes, caçados aos magotes em suas tabas, levados aos mercados e aí vendidos 70. Para facilitar este processo, o governo espanhol criou o sistema de encomiendas 71 (ver figura 1). Figura 1. Bandeirantes com índios aprisionados - tela de Jean Baptiste Debret Além das encomiendas, outra experiência que reuniu o trabalho indígena em troca de catequese nas Américas foram as Missões Jesuíticas. No período entre 1609 a 1706 foram fundadas ao longo dos rios Paraguai, Paraná, Paranapanema e Uruguai para citar somente a região Cisplatina - pelo menos 48 reduções, sendo que apenas 30 reduções chegaram a florescer e desenvolver-se como verdadeiras 70 Silveira, Os encomenderos recebiam da coroa alguns direitos sobre as áreas dominadas, desta maneira poderiam cobrar tributos em dinheiro ou em trabalho, o trabalho escravo indígena era proibido pela igreja, os encomenderos eram obrigados a ampará-los e protegê-los, mas na realidade não era isso que acontecia. 43
44 cidades 72. À margem esquerda do Rio Uruguai, na região do Tape em território hoje pertencente ao estado do Rio Grande do Sul no Brasil, foram implantadas entre os anos de 1626 e 1637, 18 reduções constituindo o que foi chamado de Primeiro Ciclo Missioneiro. Devido aos constantes ataques dos bandeirantes paulistas em busca de mão-de-obra indígena, jesuítas e índios foram obrigados a retornarem para a margem direita do Rio Uruguai, abandonando os povoados do Primeiro Ciclo no atual território do Rio Grande do Sul. Devido ao crescimento demográfico e à necessidade de proteção das áreas ganadeiras e ervateiras, e com a importante vitória de um exército Guarani com cerca de quatro mil homens montado pelos jesuítas para derrotar uma bandeira escravista paulista com cerca de três mil homens que adentrou o território da província de Misiones. Esta batalha conhecida como Batalha de Mbororé foi decisiva para garantir a segurança das reduções Jesuíticas sob o controle do reino da Espanha. Depois de assegurada a vitória desta batalha, as incursões de bandeirantes paulistas foram cada vez mais raras e menos agressivas, o que permitiu que os limites orientais das Missões estendessem-se novamente para a margem esquerda do Rio Uruguai, onde foram fundadas novas reduções, entre 1682 a 1707, conhecidos como Sete Povos, dando origem ao Segundo Ciclo Missioneiro que perdurou junto com as demais reduções na margem direita do Rio Uruguai até a expulsão dos jesuítas das Américas, em 1768 (ver mapa 10). 72 Simon,
45 Mapa 10. Mapa dos Trinta Povos das Missões Jesuítico - Guarani. 73 Não obstante, vamos seguir nos detendo à segunda fase das 30 reduções estabelecidas entre Paraguai, Argentina e Brasil, os Sete Povos das Missões que datam suas fundações de 1682 a 1707, os quais movimentaram e organizaram complexas estruturas jesuíticas fundamentais para que se materializassem os interesses da coroa. Esta grande organização e movimentação catequética teria como finalidade civilizar os aborígenes, habitantes da margem esquerda do Rio Uruguai. No caso de San Borja, unindo o útil ao agradável, houve a intenção de San Thomé instalar um posto avançado, pensando na defesa do território. Um grande conjunto de espaços constitui a estrutura reducional 74, além da igreja e das casas dos indígenas, estão bem distribuídos na planta jesuítica o 73 Fonte: Maeder & Gutierrez (2009). 74 A estrutura reducional pode ser vista como uma rede, bem como diz Barthes [...] as redes são várias e interagem, sem que nenhuma delas seja capaz de se sobrepor às outras [...] (Olsen, 1990). 45
46 claustro, a quinta, o cemitério, o cotiguaçú, a praça central, oficinas, fontes d gua, as zonas de cultivo e as estâncias. 75 Seguindo o pensamento de que pessoas movimentam-se utilizando simultaneamente o espaço e o tempo, e este é definido pelas ações de cada indivíduo em suas relações na sucessão dos dias, ocasionando na formação de grupos através da convivência entre os indivíduos, estes por sua vez, mantém ritmos diferentes. O tempo acaba se tornando o resultado do vivido. O espaço não deixa de ser o produto resultante das vivências que reflete a sociedade criadora, é o resultado de um processo histórico-cultural vivenciado por esta. Através deste processo, este vai sendo moldado historicamente, de acordo com as relações sócio-culturais que se travam, que criam objetos e valores, o que envolve constantes conflitos entre os desiguais seguimentos de cada época. 76 Cada espaço citado, componente de uma redução jesuítica, poderá estar carregado de valores ou da importância que se dá àquele ponto utilitário, se assim podemos denominar. Tilley faz referência à diversidade de espaços: [...] não existe espaço e sim espaços. Estes espaços, como construções sociais, são sempre centrados em relação às ações humanas e estão sempre relacionados à reprodução ou mudança porque sua constituição tem lugar como práxis diária ou atividades práticas de indivíduos ou grupos no mundo. Eles são significativamente construídos pela ação humana. Os espaços humanizados são meio e resultado da ação, restrição e possibilidade (...) construído socialmente, o espaço combina a cognição, o físico e o emocional dentro de algo que pode ser reproduzido, mas, está sempre aberto para transformação e mudança. Isto está acima de todo contexto constituído, provendo configurações particulares para o envolvimento e construção de significados. 77 O tempo e o espaço estão relacionados dialeticamente, se compreendermos as constantes mudanças, identificaremos um espaço abarrotado de valores. Mas, a subtração destes valores pela sociedade contemporânea, acusa a perda de significados, o que acaba ocasionando o distanciamento e a incompreensão da importância destes bens. Estes, muitas vezes não vistos aos olhos, ainda ocultos ao conhecimento arqueológico. É o que podemos atribuir à atual situação da moderna 75 Baptista, Gomes, Tilley,
47 cidade de São Borja, que não há vestígios arqueológicos em superfície, 78 nem mesmo das estruturas arquitetônicas da antiga missão de San Francisco de Borja a não ser, de duas fontes de água que ainda são utilizadas pela população da cidade moderna: as fontes São João Batista e São Pedro. A atual cidade de São Borja assume a referência de cidade dos presidentes, enquanto abandona de certa forma as demais heranças históricas. 79 Para Correia a afeição pelo lugar, a topofilia - termo advindo da Geografia - faz referência à ligação afetiva entre o sujeito, o lugar ou a natureza, a familiaridade com o espaço é que o caracteriza como lugar e na sua elaboração conceitual, a experiência e o contato topofílico proporcionam novas abstrações espaciais que poderão ser transformadas e comunicadas através de simbologias, palavras e imagens, montando capacidades geográficas configuradas em conhecimento espacial. 80 O patrimônio oculto, surge muitas vezes onde menos se espera, pode também ser detectado com base nas ferramentas de descoberta de conhecimento, estes, embasados em dados cartografados em função dos indicadores dos contextos e características de sítios já referenciados, o que é o caso da redução de San Francisco de Borja, cujos vestígios encontram-se no subsolo do centro histórico da moderna cidade de São Borja-RS 81. Pesquisas recentes de historiadores locais 82 vêm lançando luz, para futuras pesquisas arqueológicas sobre esta redução. Os resultados das pesquisas arqueológicas da Região Platina Oriental, especificamente nas Missões Jesuíticas Guarani, são apresentados à comunidade como patrimônio cultural. Esta atribuição de valores aos bens culturais materiais, é resultante da Arqueologia Histórica, pois ela propicia a valorização destes bens que est~o ocultos ou ainda n~o inventariados. 78 Apenas algumas estatuárias religiosas e outros ornamentos como pia batismal ou relógio de sol expostos na atual Igreja Matriz ou no Museu José Aparício Rillo. 79 Colvero & Maurer, Correia, No Brasil existe a Lei Federal Nº 3924/1961, além de várias outras Portarias e Normas emitidas pelo IPHAN Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional- que determina a necessidade de pesquisas arqueológicas em locais de sítios históricos. No entanto, falta ainda uma estrutura consolidada de controle e fiscalização de pesquisas de arqueologia urbana em obras no caso de cidades erguidas sobre sítios históricos, à exceção de algumas cidades como é o caso de Porto Alegre, Santo Ângelo, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, entre outras. 82 Colvero & Maurer, 2009, Rech, 2007b. 47
48 Quanto à formatação do lugar visto pela ótica da arqueologia da paisagem, se sobrepõem natureza e cultura, dentro de uma perspectiva definida como: [...] uma das formas de olhar para o registro arqueológico não como algo dado, mas como uma interpretação construída no presente. O que está por trás desta perspectiva, então, é a idéia de considerar o espaço arqueológico como uma paisagem formada por uma rede de conexões, onde espaços naturais e espaços culturais se interpenetram. 83 A pesquisa histórica 84 e a pesquisa de Arqueologia Histórica 85, utilizando de seus métodos e teorias, realizam um trabalho que visualiza o entendimento dos processos globais de mudança histórica das sociedades. No caso da Região Oriental do Rio da Prata, e para a identificação de seu ethos sócio-cultural, objetiva o estudo das etnias, sincronicamente em um processo simultâneo com a diacronia 86. Todos os aspectos são importantes, para consolidar e revitalizar o patrimônio e a memória. A História e a Arqueologia Histórica utilizam-se, de diferentes fontes cada qual com suas metodologias e teorias, focalizando o seu objeto de estudo. A Arqueologia Histórica Missioneira, busca a reconstituição do passado dos grupos sociais que se tomaram parte no fenômeno dos Trinta Povos Jesuítico - Guarani das Missões da Região Platina Oriental 87. Os estudos realizados até então, visam reaver as evidências documentais materiais, e outras fontes como as escritas e as de História Oral, estas que também fazem parte da reconstituição do contexto de ocupação humana e repovoamento do espaço missioneiro. Além dos trabalhos dos primeiros pesquisadores nas Missões, 88 também seus discípulos e o próprio IPHAN vem realizando inúmeras intervenções de campo e laboratório na região nas últimas décadas. 83 Cabral, A pesquisa histórica opera para superar a história contínua, irreversível da realização de uma consciência humana capaz de uma reflexão total. O historiador sai em busca da explicação estrutural o que aumenta a interdisciplinaridade facilitando assim o estudo juntamente com outras disciplinas. E mesmo estudando as estruturas particularizadas Peter Burke diz que a Nova História não crê na possibilidade de uma objetividade total do conhecimento histórico (Burke, 1992). 85 Funari, 2004/2005; Kern, 1989; Lima, Kern, Kern, 1995 e La Salvia, 1992 e Kern, 1995 e
49 Todos os dados coletados tanto de atividades de campo como laboratoriais, são interpretados através das teorias gerais e contextuais, relacionadas a um modelo multi-variável e multi-causal, constituído por uma estrutura ou rede de referências teóricas e metodológicas complexas e certa quantidade de considerações adequadas. O que quer dizer que busquemos um modo de pensar simples, mas um conhecimento multi-dimensional. 89 Se tomarmos a dialética global como um processo possível, talvez possamos fazer com que as ações e reações de variáveis como paisagens, contexto europeu, sociedade colonial, etnias indígenas, estruturas tecno-econômicas, sóciopolíticas, cultura material, estas poderiam estar mais compreensíveis, até mesmo palp veis. Todos os modelos teóricos buscam ações interdisciplinares, entre Arqueologia Histórica, a História, a Antropologia até mesmo com a Geografia, facilitando a reconstituição e a compreensão de todo o processo histórico. Como neste caso que tratamos aqui, a questão das Missões Jesuíticas Guarani da Região Oriental do Rio da Prata, mais especificamente sobre a redução de San Francisco de Borja. O espaço que contempla a extensão do território Jesuítico - Guarani, como já dito anteriormente, hoje faz parte dos territórios do Paraguai, Argentina e Brasil. As Missões Jesuíticas Guarani encontram-se entre as matas subtropicais brasileiras, o Pampa e a Patagônia. Os Guarani migraram da Amazônia para o sul através dos caminhos hidrográficos da Bacia Platina. A área que eles ocupavam estendia-se desde o sul do Mato Grosso e do Trópico de Capricórnio até a foz do Rio da Prata vales dos rios Uruguai, Paraguai e Paraná, limitando-se nas matas de araucária do planalto. Os limites temporais deste trabalho estão centrados nos séculos XVII e XVIII, período este em que sete reduções foram erigidas à margem esquerda do Rio Uruguai. O estudo realizado por esta pesquisa limitou-se à pesquisa da missão jesuítica de San Francisco de Borja localizada entre os rios Ijuí e Piratini, onde se instalaram sete dos Trinta Povos das Missões Jesuíticas - Guarani platinas. Como o espaço não é simplesmente físico e está relacionado ao processo humano de construção de fronteiras, historicamente é impossível não associar o espaço ao tempo, pois a temporalidade é um fazer-se histórico no espaço. 89 Kern
50 Deliberar e contemplar todos os espaços e a forma como foram concebidos, ainda que seja de apenas uma missão jesuítica, pode ser uma tarefa um tanto quanto difícil. Quanto ao planejamento da ocupação do espaço, as terras periféricas foram distribuídas para os núcleos de acordo com as relações políticas locais, sem uma ordenação estratégica conjunta, que visasse uma ocupação mais permanente, em que pese às determinações da administração metropolitana relacionado à organização urbana. Existia a preocupação com a estabilidade dos núcleos urbanos, portanto era necess rio o reconhecimento do local onde se iriam instalar cada núcleo. A ocupação se daria mais pela criação extensiva de gado, quando as condições assim permitissem. 90 E também há quem diga que a ocupaç~o européia do Rio da Prata n~o se fez a partir de núcleos implantados na desembocadura, como seria de esperar. Deu-se através de um ponto demarcado nas margens do Rio Paraguai, no interior do continente, a cidade de Assunção teria nascido em função do pouso de aventureiros espanhóis que procuravam a serra de Prata, cuja suposta existência já dera nome à região inteira. 91 Além das Missões já citadas, também existiram outras fundações que não faziam parte da ação administrativa espanhola, porém, da mesma forma se deram com o interesse de evangelizar (ordens católicas, Franciscanos e Jesuítas), converter os indígenas à religiosidade. Este trabalho se iniciou no século XVI, mas foi no século XVII que obteve êxito. O espaço missioneiro incorporou o conhecimento dos padres jesuítas, de distintas formações e nacionalidades, munidos dos saberes sobre a natureza, parte dos costumes e o modo de ser Guarani, na tentativa de um processo de transculturação 92 que moldou peculiaridades próprias. Os povoados eram estabelecidos conforme alguns pré-requisitos, como as Leyes de Índias, que 90 Barcelos, Ribeiro, Kern,
51 deveriam ser seguidas pelos padres jesuítas 93. Para a instalação de um povoado se fazia necessário e consideravam-se fatores como, -Antes de fundar el pueblo, se considere mucho el asiento de él, que sea capaz para muchos indios, de buen temple, buenas aguas, a propósito para tener sustento, con chacras, pesca y caza, en los mismos indios, principalmente de los caciques... Fundar el pueblo con traza y orden de calles, y dejando a cada indio el sitio bastante para hortezuela. Poniendo nuestra casa e Iglesia en medio y de los caciques cerca... [ ] A mediados del siglo XVIII, en un escrito que ha estado inédito hasta Cardiel, cuya autoridad es máxima en todo lo concerniente a las Reducciones de Guaraníes, afirmó que para la fundación de un pueblo se procuraba escoger una llanura de las calidades siguientes: 1º Ancha como en cuarto de legua y cerca de una milla para la extensión de las calles; 2º Algo eminente, así por huir de la humedad, dañosa en estas tierras, como por gozar de aire más puro; 3º Que no tenga pantanos, de los cuales se engendran multitud de molestos mosquitos y sapos y víboras ponzoñosas; 4º De buenas aguas cerca, así para beber, como para lavar y Bañarse, a que es aficionado todo indio, y lo necesita para la salud; 5º De buenos bosques, no distantes, para leña y para edificios; 6º Que esté despejada por la parte del Sur, para desembarazo del viento fresco, que acá, por estar en estotra zona, es el Sur, y es necesario en tierra de tantos calores: y al contrario, en tierra fría, como es ésta de las Misiones (del Tandil y Volcán...) desde 100 leguas de Buenos Aires hasta el Estrecho de Magallanes en que yo al presente entiendo, que está cubierta de cerros os sierras al sur y al sudoeste y despejada al norte, que es aun más frío, por venir de la Cordillera Na tentativa de ilustrar de uma maneira mais clara, as problemáticas de instalação das Missões Jesuíticas e também pela escassez de documentos 95 relacionados estritamente sobre San Francisco de Borja, faremos o uso de 93 Os Padres Jesuítas representam a monarquia absoluta espanhola, que, face { frente de expansão do colonialismo português, monta o sistema reducional, num processo de transculturação do qual resultou a singular e extraordinária experiência das Missões. [...] entre 1682 e 1707, surgiram os chamados 7 povos (Verri s/dt.), dos quais San Francisco de Borja foi o primeiro a ser fundado. 94 Furlong, Partes das atividades desta pesquisa tiveram de ser esquematizadas conforme resultados de pesquisas realizadas em Reduções como a de Santo Ângelo, onde todo o entorno da igreja e praça foi escavado recentemente pela arqueóloga Raquel Rech, coordenando os programas sistemáticos de monitoramentos de obras na área do Centro Histórico da cidade a partir de 2006, primeiramente através de um convênio da Prefeitura com o Núcleo de Arqueologia do Centro de Cultura Missioneira da URI (NArq-CCM/URI) para a remodelação da Praça Pinheiro Machado (2006/2007) e, posteriormente, com a criação do Núcleo de Arqueologia do Museu Municipal Dr. José Olavo Machado (NArq-MMJOM) para o monitoramento constante de obras em lotes urbanos na área do Centro Histórico daquela cidade (a partir de 2007). 51
52 exemplos como a Redução de San Nicolás, o único espaço reducional da primeira fase das Missões, reconstituído na segunda (planta 1). E o último dos Sete Povos, San Angel Custódio (planta 2). Planta 1. Redução de São Nicolau elaborada por José Maria Cabrer (1784). 96 A missão de San Nicolás foi refixada em 1687, cinco anos após a fundação de San Francisco de Borja. Em 1688, esta missão sofreu com as conseqüências de uma tempestade e foi parcialmente destruída, no ano seguinte quando o povoado praticamente havia se reestruturado, um incêndio destruiu a igreja e a casa dos padres. As estruturas das casas neste momento eram construídas em madeira e sua cobertura feita em palha Fonte: Adonias, Créditos da imagem digitalizada: Arquivo da Superintendência Regional do IPHAN no Rio Grande do Sul. O original encontra-se na Mapoteca do Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro. 97 Gomes,
53 Após todos os problemas inesperados causados pelas intempéries, San Nicolás apresentou um espaço mais abrangente na área central do povoado, resultado do aumento populacional. A abrangência dos espaços pode ser identificada na organização da estrutura pública, tendo por objetivo buscar a satisfaç~o do grupo, para isso, foram feitos poços de coleta de gua pot vel, locais de armazenamento de alimentos, área de depósito de dejetos, sistemas de cloacas e eliminação de resíduos, escola e hospital. 98 Pesquisas recentes sobre a redução de São Nicolau permitem um entrelaçamento sobre turismo, arqueologia e literatura abordando o processo de elaboração da memória coletiva sobre as Missões na atualidade. 99 A Companhia de Jesus arquitetou ritualmente a temporalidade nas Missões recorrendo às alegorias, representações, atividades cênicas, musicais, festas religiosas, ideou o pecado e ao mesmo tempo propiciou o perdão ao Guarani, estando em sintonia com os princípios religiosos católicos ordenados pela Igreja e em consonância com as monarquias ibéricas no contexto do Padroado na Idade Moderna. 100 Quanto ao último dos Sete Povos missioneiros, a Missão de San Angel Custódio, esta foi fundada no início do século XVIII, localizada no ponto mais extremo leste do território da província. Segundo Furlong (1962) a data oficial de fundação do povoado, foi em 12 de agosto de 1706, entre os rios Ijuí Grande e Ijuizinho, em um sítio abandonado. Em 1707 os índios passaram o rio e assentaram a segunda instalação da redução à margem direita, entre os arroios Itaquarinchim 101 e São João. O local escolhido para a redução não tinha as condições ideais para a expansão do povo e ainda dificultava a passagem com a carga de erva mate vinda de Inhacorá. Há menções de ataques constantes dos Guenoa, Yaro e Charrua 102 às cargas de erva mate 103, este então seria o principal motivo da mudança da redução: com a transferência poderia ser mais seguro se estivessem do outro lado do rio Gomes, Brum, Torres, Proveniente do Guarani pode ser traduzido como Vale das Pedras. 102 Também conhecidos como Chimangos. 103 A erva-mate foi um produto de extrema importância neste período reducional, pois até então era a principal fonte de renda, que mantinha o sustento reducional. 104 Bisonhim,
54 Planta 2. Redução de Santo Ângelo elaborada por José Maria Cabrer (1784). 105 Segundo o engenheiro José Maria Cabrer em 1794, o plano urbanístico desta redução, contava com o núcleo central formado pela praça onde se realizavam as atividades religiosas, civis e militares. Limitada norte 106 pelo complexo da igreja, claustro 107, oficina, cemitério e a quinta dos padres, o povoado desenvolvia-se num 105 Fonte: Adonias, Créditos da imagem digitalizada: Arquivo da Superintendência Regional do IPHAN no Rio Grande do Sul. O original encontra-se na Mapoteca do Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro. 106 A redução de San Angel foi a única exceção cuja igreja ocupava a extremidade Norte do povoado com sua fachada voltada para o Sul, em todas as outras reduções as igrejas ocupam a extremidade Sul dos povoados e eram orientadas para o Norte. Não foi encontrado nenhum registro escrito que explicasse esta exceção. Conjetura-se alguma condicionante de ordem topográfica, como uma baixada e um banhado na extremidade Norte da encosta da colina do sítio que fosse mais favorável à implantação da quinta do que à expansão de casas de índios naquela direção. 107 Pátio interior, descoberto e cercado de arcadarias, nos conventos ou edifícios. Nas reduções jesuíticas abrigava o pátio do colégio e os dormitórios dos padres. 54
55 traçado regular, através das ruas em forma de grade 108, permitindo a circulação e o desenvolvimento das atividades diárias dos índios. Quanto às casas dos índios, eram cobertas de telhas, tinham alpendres 109 para que pudessem circular abrigados da chuva e do sol. Conforme resultados obtidos em escavação arqueológica em Santo Ângelo, evidências de uma casa de índio (figura 2) foram identificadas, durante monitoramento arqueológico nas obras de ampliação do Hospital Santo Ângelo, apresenta quatro cômodos, cada qual acomodava uma família. Figura 2. Manzana - Modelagem hipotética em 3D representando uma das casas de índio da missão de Santo Ângelo As reduções apresentavam a mesma forma de organização bem como estrutura urbana semelhante, inspirado no plano damero sistema de construção das cidades hispanoamericanas em que ruas paralelas em forma de grade centralizam para a praça (uma herança que vem desde a reproduç~o do plano hipod}mico das antigas cidades gregas e romanas). 109 Varanda com teto suspenso por colunas 110 Desenho elaborado por esta pesquisadora através dos resultados obtidos em escavação arqueológica realizada pela Arqueóloga Raquel Rech, durante monitoramento arqueológico das obras de ampliação do Hospital Santo Ângelo no ano de 2009, quando foi feita a descoberta original do estilo construtivo das edificações desta redução: grandes esteios de madeira sustentados por discos subterrâneos feitos com blocos planos de basalto implantados a até 1,5m de profundidade. Esta casa não tinha alicerces e suas paredes eram de taipa com telhado coberto com telhas de barro (Rech, 2010b). 55
56 Na planta de Cabrer, observamos a praça de frente para complexo do lado norte, conjunto formado pela igreja, com o cemitério à esquerda e os pátios do claustro e das oficinas à direita. Nos lados oeste, leste e sul da praça, distribuíam-se as casas dos índios, e no extremo sul, o cotiguaçú 111. A cidade de Santo Ângelo cresceu sobre do sítio arqueológico, sem deixar vestígios arquitetônicos. Um estudo de sobreposição da antiga planta de Cabrer (sobreposição 1) sobre o moderno traçado da cidade de Santo Ângelo, realizado em 1990 pelo Arqueólogo Giovane Scaramella, serviu de ponto de partida para guiar as recentes pesquisas arqueológicas que vem sendo executadas na cidade. Sobreposição 1. De plantas de Santo Ângelo (área do Centro Histórico) Casa onde ficavam viúvas e crianças órfãs. 112 Extraído do artigo Onde est a Reduç~o Jesuítica Missioneira?. Jornal das Missões, 15 de dezembro de 1990, p
57 Ocorreram algumas mudanças no traçado das ruas modernas de Santo Ângelo, dificultado assim, a reconstrução do plano urbanístico da antiga redução jesuítica. A imagem que segue (sobreposição 2) é uma sobreposição de plantas das três igrejas que foram construídas no mesmo local em Santo Ângelo: a antiga igreja jesuítica edificada no século XVIII; uma pequena igreja construída pelos repovoadores no século XIX; e a atual Catedral Angelopolitana erigida no século XX. Sobreposição 2. De plantas das igrejas de Santo Ângelo Extraído de Rech 2007a e 2008a. Fonte: NUGEO-URI. Na sobreposição de plantas, aparece em bege o traçado da antiga igreja reducional, em branco representa a segunda igreja construída na época do repovoamento e em rosa a área da atual catedral. 57
58 Na sobreposição de plantas, aparece em bege o traçado da antiga igreja reducional, em branco representa a segunda igreja construída na época do repovoamento e em rosa a área da atual catedral. Dentre o conjunto das plantas dos Sete Povos realizado por Cabrer, também é de grande importância para o presente estudo a observação de sua planta sobre o planejamento urbano da redução de San Francisco de Borja. A imagem que segue (planta 3) nos fornece um panorama de como aquela redução foi estabelecida. Conforme as outras plantas das reduções de San Nicolás e San Angel apresentadas anteriormente, percebe-se um padrão no desenho de Cabrer, o que incorre em críticas por parte de alguns pesquisadores de que os desenhos possam estar mais estilizados do que fiéis à realidade, esta é uma questão ainda por responder. 114 Planta 3. Redução de São Francisco de Borja elaborada por José Maria Cabrer em Embora no caso das pesquisas arqueológicas já realizadas em Santo Ângelo, esta dúvida já vem sendo dirimida, pois os resultados das escavações até agora realizadas naquele município condizem com os registros de Cabrer. 115 Fonte: Adonias (1993). Créditos da imagem digitalizada: Arquivo da Superintendência Regional do IPHAN no Rio Grande do Sul. O original encontra-se na Mapoteca do Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro. 58
59 Além da planta elaborada por Cabrer, São Borja tem em sua cartografia a planta confeccionada por Manuel Coelho em 1816 (planta 4), representando as estruturas existentes naquele momento. Planta 4. Elaborada por Manuel Joaquin de Almeida Coelho em São Borja teve três igrejas sobrepostas da mesma forma que Santo Ângelo. O desenho abaixo encontrado em Sustersic, 2004 representa a fachada da antiga redução de San Franscisco de Borja, o muro e portão do colégio, porém a qualidade não favorece (figura 3). Sustersic apresenta uma pequena descrição da igreja e da importância do trabalho de Brasanelli. También el alto cimborrio, emergiendo de los techos del presbiterio, crucero y naves de San Borja ( ), la 116 Maeder,
60 primera iglesia americana de Brasanelli, marca cambios importantes y el comienzo de una nueva etapa. 117 Figura 3. Desenho representado a igreja, muro e portão do colégio da antiga redução de São Borja. Durante o repovoamento foi construída a segunda igreja de São Borja (foto 1) em frente à antiga praça da redução, atualmente denominada Praça XV de novembro. A imagem seguinte (foto 2) apresenta o fronte da igreja. E na foto 3, é possível perceber a reutilização do material construtivo da igreja reducional, nos escombros da segunda igreja. 117 Sustersic, p
61 Foto 1. Praça XV de novembro por Aquino Guimarães 118. Foto 2. A segunda igreja de São Borja Fonte: Acesso em fevereiro de Fonte: Arquivo Histórico de São Borja. 61
62 Foto 3. Destruição da segunda igreja. 120 Na construção da terceira igreja de São Borja, a igreja matriz (foto 4), não é possível identificar material construtivo das igrejas anteriores. A foto 5 apresenta a igreja em seu atual estado, e o monumento missioneiro homenageando o Pe. Francisco Garcia (foto 5 e 6). 120 Fonte: Arquivo Histórico de São Borja. Foto 4. Construção da terceira igreja de São Borja
63 Foto 5. Igreja da moderna cidade de São Borja. 122 Foto 6. Detalhe da imagem apresentando bases de colunas e um monumento missioneiro homenageando o Pe. Garcia Fonte: Arquivo Histórico de São Borja. 122 Foto: Michele Jornada dos Santos. 123 Fonte: Google imagens. 63
64 Existem outros pontos na cidade de São Borja à serem melhor explorados, é o caso da Fonte denominada São João Batista, cuja localização se dá na rua Bompland, S/nº no Bairro Maria do Carmo da cidade, cujas coordenadas UTM 21J ,586/ ,597 (Datum WGS 84). Bem como a Fonte de São Pedro, situada na Rua Félix da Cunha, nº 955 no Bairro Rodoviária georeferenciada conforme coordenadas UTM 21J ,980/ ,312 (Datum WGS 84). Também a escada abaixo do assoalho de uma casa residencial situa-se na Rua Patrício Petit Jean, S/nº no Bairro do Passo, localizada conforme coordenadas UTM 21J ,273/ ,024 (Datum WGS 84). Foto 7. Fonte São João Batista Fonte: 64
65 Foto 8. Fonte de São Pedro. 125, Foto 9. Escada abaixo do assoalho em casa residencial Fonte: Foto: José Fernando Corrêa Rodrigues. 65
66 Mapa 11. Localização dos três pontos em relação à praça central de São Borja. Foto 10. Imagem representando o traçado no entorno da Praça XV de Novembro. 66
67 Visualizando a imagem aérea da antiga foto do entorno da praça XV de Novembro, podemos perceber o traçado em grade presente na atual cidade de São Borja, o que significa que os espaços e as delimitações das áreas seguem praticamente as mesmas da redução, porém apresentando quadras maiores. A IMPORTÂNCIA DO TRAÇADO URBANO JESUÍTICO - GUARANI As origens do traçado urbano missioneiro são mais complexas do que se imaginava primeiramente. Nas cidades antigas européias, podemos observar seus espaços bem distribuídos no plano urbanístico, assim como podemos notar nos povoados das Missões Jesuítico - Guarani. Estes locais além de estarem bem organizados urbanisticamente, têm uma função social. É onde se concentram algumas de suas principais funções e utilizações urbanas. Como nas cidades antigas européias, nas Missões Jesuíticas também identificamos estes espaços sociais de suma importância. É importante salientar que a palavra Urbanismo pode ser empregada para designar uma área de conhecimento, pode ser aplicada como um artifício de intervenção nos espaços a serem urbanizados e ainda pode ser utilizada como um método de planejamento e organização dos espaços urbanos, que é como será empregada neste trabalho, tratando da importância deste planejamento e da organização dos espaços urbanizados dentro das reduções. José Ressano Garcia Lamas, em sua obra Morfologia Urbana e Desenho da Cidade, afirma que o desenvolvimento da cidade pode se dar de duas formas, uma seria o desenvolvimento org}nico que obedecia a uma idéia de cidade que nada teria de caótico, apoiando-se também em regulamentos e regras construtivas, estéticas e urbanísticas E a outra maneira de crescimento seria o racional 128, as cidades cresceram segundo planos minuciosamente calculados, de modo racional, procedentes de esquemas mentais predeterminados: desde a Grécia e a 127 Lamas, 2004, p Lamas diz em nota que esta classificação foi adotada por Mumford em seu trabalho The City in History em 1961 e refere-se essencialmente aos aspectos morfológicos ou físicos do crescimento urbano (Lamas, 2004 op.cit., p. 549) 67
68 Mesopot}mia até nossos dias, o autor cita v rios exemplos entre eles as cidades de colonizaç~o espanhola e portuguesa na América Latina, que é o mais relevante para este trabalho. O traçado urbano racional facilita e agiliza o desenvolvimento urbano, é este projeto estrategicamente pensado que podemos observar no traçado utilizado nas Missões Jesuíticas, espelhado no plano beneditino medieval 129. As características que distinguem o crescimento orgânico e o racional (ver Figura 4): são primeiro de ordem processual, pelo diferente modo de produção do espaço; são também de ordem morfológica, pela diferenciação da forma geral das cidades decorrente da diferente geometria de traçados. No entanto, em qualquer dos processos os elementos morfológicos serão utilizados de modo sensivelmente idêntico: quarteirão, lote, edifício, fachada, rua, praça, monumento, etc. 130 As origens do plano geral urbano seguido pelos padres Jesuítas nas reduções decorrem das várias influências de plantas urbanas. Barcelos em sua obra Espaço e Arqueologia nas Missões: o caso de São João Batista, nos descreve com clareza os espaços urbanos dos povoados Jesuítico-Guarani e as origens do urbanismo nas reduções, a organização da disposição dos elementos arquitetônicos foi relacionada inclusive com o plano quadrado, ou plano hipodâmico, criado pelo geógrafo e urbanista grego Hipodamus e que foi popularizado pelos romanos. A praça seria a gora dos gregos e o forum dos romanos, espaço central de todas as atividades desenvolvidas na cidade Kern 2006, p Lamas 2004, p Barcelos 2000, p
69 Figura 4. Crescimento Orgânico. Lisboa antes do terremoto, segundo plano de Crescimento Racional. A reconstrução pombalina, segundo plano de Eugênio dos Santos (1755). 132 Inicialmente afirmava-se que para a instalação dos povoados Jesuíticos- Guarani, eram sempre seguidas as Leyes de Indias, com efeito, desde o século XVI os soberanos espanhóis tornam explicitas em leis as normas que devem organizar as novas cidades 132 Lamas,
70 coloniais. A cidade deve ser projetada, as ruas e os quarteirões de casas dever~o ser traçadas com régua e corda, caracterizando-se por serem inteiramente regulares e geométricas. 133 Mas se fizermos uma análise da iconografia, esta nos apresentará uma relação entre a cultura européia e a indígena, entrelaçando-se planos europeus com perspectivas nativas. O plano geral urbano das reduções teve como influência o traçado dos povoados franciscanos, as Leyes de Indias, as sugestões do provincial Diogo de Torres Bollo, as Doutrinas jesuítas e a forma de distribuição e organização espacial dos índios Guarani em suas aldeias antes do contato. 134 Kern dá destaque em sua obra, Missões Ibéricas Coloniais: da Califórnia ao Prata, às semelhanças e também às diferenças entre Missões Jesuítico - Guarani e as construções dos mosteiros medievais na Europa da Idade Média. A planificação urbana implantada nos povoados também herdou desenho dos mosteiros medievais. Franciscanos, Dominicanos e Jesuítas, estes que fizeram parte das últimas ordens religiosas fundadas, que eram ligadas ao desenvolvimento das cidades do final da Idade Média e do Renascimento, partiram para a América e se instalaram junto dos grupos indígenas nas fronteiras do mundo civilizado e necessitaram de modelos rurais de implantação do cristianismo. Os traçados dos monastérios beneditinos medievais foram adaptados para os povoamentos. Conforme o plano beneditino medieval, depois de ajustado, as Missões Jesuítico - Guarani receberam planos geométricos e racionais que conservam a idéia de ordem e de centralização social em torno da igreja. 135 Fazendo uma breve comparação entre os povoados e as cidades gregas, elas têm por principal o centro, que se forma a partir do santuário e ao redor deste santuário está a ágora praça com edifícios de funções administrativas e jurídicas, da mesma forma acontece nas reduções. Na primeira etapa histórica das primeiras Missões, percebe-se que o plano urbano já se articula em torno de uma 133 Kern, Barcelos 2000, p Kern,
71 praça central e da igreja, casas retangulares em conjuntos ao redor do espaço central. A necessidade de defesa requer muralhas protegendo as cidades gregas, este que não é o caso das Missões Jesuítico - Guarani, a única muralha existente era a da quinta, que tinha como função proteger o pomar da entrada de animais, que iam alimentar-se das plantas ali cultivadas. Para a implantação de uma Missão se faz necessário o domínio sobre um território, no caso da América colonial platina, os governadores de Buenos Aires e Assunção cederam às terras para os povoados. Porém, os limites não são muito claros, o território que separa uma missão da outra se dá em média de 30 quilômetros. 136 Além do domínio do território, para a instalação do povoado era preciso conhecer as diversas paisagens da região, havia a preocupação com o fornecimento de água, mesmo em tempos de seca. Muitas reduções estavam instaladas próximas de rios ou então em colinas o caso de São João Batista à exemplo, citado na obra de Kern. As florestas eram necessárias para o plantio da horticultura indígena e também para as atividades agrícolas européias que utilizavam o arado. Os campos eram designados para o rebanho de gado, e manadas de cavalos. O modelo de urbanização recomendado até então, ajustou elementos da cultura Guarani com diretrizes urbanísticas, neste sentido buscava adequar as recomendações à realidade do convívio com os indígenas, cujos hábitos culturais deveriam ser em parte contemplados. Isto levou a uma certa liberdade para os missionários em organizar a estrutura dos povoados nos primeiros contatos e reduções. A experiência foi impondo um traçado urbano que atendia as necessidades do trabalho de catequização e a inserção dos indígenas no mundo colonial. 137 A redução não se limitava apenas em torno da igreja, claustro, cotiguaçú. Existiam outros locais secund rios, como as fazendas de gado, zonas de exploração de erva mate, hortas e campos de atividades agrícolas, fornos cerâmicos, currais, etc. Estes locais estavam a no máximo um dia de caminhada do povoado. 136 Idem. 137 Barcelos,
72 Nem sempre a estrutura reducional dentro da grade do plano urbanístico era a mesma em todos os povoados, em função da necessidade de adaptação ao relevo, como por exemplo, o cotiguaçú de São João Batista que teve de ser deslocado adaptando-se ao relevo do local escolhido pra a instalação da redução. Na missão de San Angel Custódio o cotiguaçú aparece na planta de Cabrer na entrada da redução e não ao lado do cemitério, como costumeiramente é implantado nas outras reduções. O cenário escolhido está diretamente relacionado à concepção de urbanismo vigente no século XVII, limita-se o tamanho do núcleo urbano. O planejamento de uma área urbana, especialmente no seu traçado, tem como objetivo propiciar aos habitantes a melhor qualidade de vida possível, dentro das alternativas disponíveis para a época, não visa apenas a estética ou a organização visual, mas a melhoria da infra-estrutura para melhorar a circulação e até mesmo o saneamento. Desde o século XVII existe a preocupação com a salubridade, as propostas da época nos apontam a transformação. Os povoados possuíam ruas largas, de acordo com as normas militares da Idade Moderna, recomendações das Leyes de Indias e ainda o novo plano urbano moderno do renascimento, além de facilitar a mobilidade da infantaria e da cavalaria, promoviam as comunicações entre diferentes setores do povoado 138. Kern 139 ressalta a importância dos ideais urbanos modernos que a partir do século XVII se consolidam nestes povoados, desde alinhamento das ruas à regularidade das fachadas. O modelo urbano aplicado deve ser visto também, como a significação das relações institucionais entre todos os membros deste microcosmos, sejam padres ou leigos, jesuítas ou Guarani. Günter Weimer em sua obra A Arquitetura faz uma análise do plano geral das reduções constatando sua uniformidade física, dá destaque à praça, como elemento centralizador da vida urbana, descreve o muro do claustro, que separava a vida em comum com os habitantes do povoado, dando a privacidade necessária à clausura dos padres Jesuítas: no eixo da praça ficava a construção mais imponente do conjunto: a igreja. (...) Num ou em ambos os lados do muro havia um corredor 138 Kern, Idem. 72
73 que, (...) circundava os pátios inteiros. (...) Existiam somente duas passagens através do muro: uma dava acesso à igreja (a qual possuía uma ou três portas) e a outra levava ao primeiro pátio, através de um grande pórtico guarnecido pela portaria. 140 Kern descreve de maneira clara o que encontramos o adentrarmos em um povoado missioneiro: por uma rua larga, percebemos a perspectiva monumental que forma com duas capelas situadas na entrada da praça e, ao fundo, o conjunto formado pela igreja e as duas portas instaladas frente ao claustro e ao cemitério. 141 O Claustro como já foi dito, é o espaço reservado apenas aos padres jesuítas na clausura. É na clausura onde se encontra a residência dos padres, o espaço destinado ao claustro é geralmente quadrado, convertido em jardim e rodeado por uma varanda, sustentada por uma estrutura de madeira que se apóia em pilares retos e lisos, suas bases eram pouco trabalhadas. Essa estrutura de madeira era coberta de telhas, que servia de abrigo tanto do sol quanto da chuva, para a circulação entre uma peça e outra. Quanto às residências para as famílias indígenas, mantêm-se hábitos dos nativos nas casas comunais que acolhem famílias com muitos componentes: As casas dos indígenas nas Reduções apresentavam uma conformação semelhante, na qual, todavia, foram introduzidas algumas transformações fundamentais: a maloca foi dividida internamente por paredes (com o fim de evitar a inaceitável promiscuidade da casa comunal o que forçou a colocaç~o de uma porta de acesso a cada oca e a adoç~o de uma varanda circundante como substitutivo do ancestral corredor central). 142 Aurélio Porto em sua obra História das Missões Orientais do Uruguai, quanto à organização social dos povoados missioneiros relata, Cabia aos caciques a chefia de grupos de famílias, em que eles dividiam, direito que era transmitido de pais a filhos, por gerações consecutivas. Os caciques, com os cabildantes (espécie de c}mara popular), músicos, sacristães, mordomos e oficiais mecânicos, 140 Weimer, 1992 apud Barcelos, Kern 2006, p Weimer, 1992 apud Barcelos,
74 constituíam a nobreza do povo. Para os filhos dessa nobreza havia escolas de ler, escrever, música e dança religiosa, tendo como mestres índios de esmerada instrução. 143 As reduções tinham traçado feito a partir da praça ampla no centro do plano, de onde partiram as ruas, era elemento definidor do espaço urbano. A praça cercada de grandes casas de índios, não havia quarteirões de casas, de um lado a igreja que estava ladeada pelo cemitério de outro, o claustro e oficinas. O urbanismo foi utilizado como expressão de dominação e de controle social. A instalação das Missões do século XVII desencadeou um processo civilizatório junto aos indígenas Guarani, promovendo a formação de uma organização social de caráter comunitário. A formação missioneira, na dinâmica global e particularidades de cada povoado, edificou seu ritmo a partir de arritmias frente ao modelo de uniformidade proposto no século XVIII essas arritmias se dão pela persistente presença cultural dos Guarani nas Missões, complexos processos de transculturação ocorreram em todos os níveis da organização social, na economia, na política, na cultura, de maneira a fazer com que os indígenas Guarani abandonassem os seus padrões tribais neolíticos. (...) Entretanto, podemos compreender como foram assimiladas as novas práticas trazidas pelos missionários, assim como reinterpretados e reacomodados os novos traços culturais importados. 144 Como podemos perceber, o traçado dos povoados teve várias influências e, além disso, a estruturação destes pueblos passou por várias adaptações. A idéia de modelo existe, no papel, no traçado geométrico, mas na prática as adaptações necessárias são consideráveis. Todo esse conjunto de construções tem um objetivo maior que é cristianizar e civilizar, mas n~o esquecendo os interesses da coroa. Esta breve síntese do contexto das populações Guarani possibilitou visualizar algumas semelhanças e ou diferenças em seus traçados urbanos missioneiros bem como, os esforços de ambos em adaptar as novas paisagens e novos costumes. 143 Porto, 1954: Kern 1991, p
75 Pode-se fazer uma releitura desses povoados através das informações iconogr ficas, como também das observações in situ. O povoamento se solidifica como uma síntese cultural de influências não apenas européias e indígenas, mas igualmente medieval, moderna e indígena. 75
76 3 A SOBREVIVÊNCIA DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO Este último capítulo tem como proposta discutir as questões referentes à preservação do patrimônio cultural e apresentar uma reflexão a cerca da potencialidade arqueológica da cidade de São Borja. Para que se tenha uma melhor compreensão do patrimônio e a importância da preservação, é necessário perceber o valor de um bem e saber que este bem é parte de um conjunto maior de bens e valores que envolvem processos múltiplos e diferenciados. Podemos classificar patrimônio conforme a atribuição de valores que podem ser: nacionais, históricos, artísticos, arquitetônicos, paisagísticos e afetivos. Dentre estes, estão inclusos prédios, artesanatos, obras de arte, além de inúmeros outros elementos materiais e imateriais que chamamos de bens culturais patrimoniais. O patrimônio histórico pode ser definido como um bem material, natural ou imóvel que possui significado e importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a sociedade. Estes patrimônios foram construídos ou produzidos pelas sociedades passadas, por isso representam uma importante fonte de pesquisa e preservação cultural. 145 Os diferentes valores que são aplicados aos bens, que constituem o patrimônio cultural, fazem parte dos meios que nos reportam ao passado, regulados por noções que se articulam entre espaço e tempo a História e a Arte, funcionando como marcas do tempo no espaço. 146 No século XVIII, segundo Fonseca, o Estado preferiu assumir a proteção de alguns bens que teriam atribuído valor (artístico e histórico), que representassem a naç~o e se definiu o conceito de patrimônio histórico e artístico nacional. 147 É importante ressaltar que é através das noções modernas 148 de patrimônio e preservação que nasce o interesse de conservar, por exemplo, um edifício 149, como forma de manter um testemunho histórico, buscando e construindo uma 145 Lemos, Fonseca, Idem. 148 Mas não eram apenas os modernistas, os únicos intelectuais com interesse na preservação da arte colonial brasileira, vista como manifestaç~o da tradiç~o nacional. Em 1914, Ricardo Severo, engenheiro português [...] proferia a conferência A arte tradicional no Brasil [...] intelectuais visitavam as cidades históricas e produziam documentaç~o a respeito. (Fonseca, 1997, p. 102). 149 Inicialmente a preocupação era em preservar as igrejas. 76
77 identidade nacional. Isto serviu para o processo de consolidação dos Estadosnações modernos. Quando falamos em patrimônio passamos a tratar de conceitos como da história, memória e ainda de uma identidade, relacionados um ao outro. O patrimônio pode ser confundido como aquilo que é herdado, que também pode servir de suporte { memória. A memória coletiva pode ser revivida através dos objetos portadores de algum significado. Esses que por algum tempo passaram guardados em propriedades particulares, podem passar a fazer parte de uma coleção maior, expostos ao público e dando origem aos museus. Somente no século XIX que a memória nacional se organizou em forma de museus e exposições. Estes apresentaram o conhecimento e o poder disciplinador sobre a sociedade. Os Museus tornaram-se instituições especializadas na exibição, em novas formas de organizar a percepç~o visual 150. Hoje muitas casas de cultura se ocupam da recuperação da memória e da valorização da história e de personalidades. O conceito de preservação é bastante amplo, Meira enumera várias ações em seu trabalho Conceitos referentes { preservaç~o e ao patrimônio 151 como os de identificação, de conservação, de promoção e de proteção. As ações de identificação 152 submetem o levantamento de documentação (registros etc...) e inventariação do patrimônio histórico-cultural. As ações de conservação visam à manutenção e a restauração dos bens. As ações de promoção são aquelas que dão a valorização ao bem e por fim as ações de proteção são as que a lei define para resguardar o bem. Preservar, etimologicamente 153, significa manter livre de perigo, dano, corrupção, destruição. Rhoden ressalta a importância da preservação do patrimônio cultural, este que tem o sentido de trazer à tona a memória das diversas etnias que foram formadoras de nossa nacionalidade e para integr -las 150 Oliveira, Artigo para a Revista Ciências e Letras da Faculdade Portoalegrense de Educação Ciências e Letras. (Meira, 2000, p. 23) 152 Muito importante no processo de inventariação, e fundamental para o desenvolvimento do PPSH - Plano de Preservação do Sítio Histórico Urbano. 153 Dicionário da língua portuguesa Academia Brasileira de Letras. 2 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
78 no contexto sociocultural do país [...]. Tem o papel fundamental de reforçar a identidade coletiva, de educar e de formar os novos cidad~os do Brasil. 154 A questão do patrimônio passeia pela função da memória e da tradição na composição de identidades coletivas, quanto os recursos a que tem recorrido os Estados modernos na objetivação e legitimação da idéia de nação. 155 A conservação do antigo, conhecimento liderado por motivos de interesse geral de caráter cultural e que tende a vincular as obras e resguardar a autenticidade das mesmas, impõe-se atualmente, como um dado essencial da política geral do meio ambiente, { exemplo. A exigência da conservaç~o ultrapassa hoje em dia o critério da antiguidade, estende-se a englobar tudo o que testemunhe culturas, mentalidades, modos de vida, vínculos profundos do homem com a natureza 156. Considerando que a preocupação com a gestão do patrimônio cultural das cidades ganha impulso após 1945, com o término da Segunda Guerra Mundial, a necessidade de lidar com a devastação causada, sobretudo na Europa, pelo conflito, aliada ao avanço tecnológico, estimulou fortemente o desenvolvimento da arqueologia e da gestão do patrimônio nas áreas urbanas. 157 Pensando em como tratar todas estas novas preocupações foram criadas algumas Cartas Internacionais de recomendação e proteção do patrimônio cultural, visando uma forma de estabelecer regras de preservação para os monumentos culturais. Geralmente referem-se a regras de conservação e restauração do patrimônio edificado ou arquitetônico, porém, com relação especificamente ao patrimônio arqueológico, há referências importantes em documentos como a Carta de Restauro italiana (1931), a Recomendação de Nova Delhi (1956), a Carta de Veneza (1964), a Carta de Lausanne (1990). Todas trazem medidas de pesquisa, preservação e proteção com relação aos sítios arqueológicos. A preocupação com a preservação do Patrimônio Histórico no Brasil é iniciada em 1936, quando Mário de Andrade escreve o anteprojeto para a criação de um órgão federal voltado para a sua proteção, a pedido do então Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema. Tendo sofrido diversas modificações até ser 154 Rhoden, 2000, p Fonseca, Parent, Godoy, 2003, p
79 aprovado pelo Governo Federal, o anteprojeto deu origem ao Decreto-Lei nº. 25/37, de novembro de 1937, que criava o Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional SPHAN 158, órgão que se mantém atuando na área da preservação do patrimônio cultural em âmbito federal. 159 O anteprojeto trás em seu primeiro capítulo a preocupação com a dimensão arqueológica do patrimônio histórico e artístico nacional no Decreto-Lei n. 25/37: Capítulo I Do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Art. 1 Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da historia do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnológico, bibliográfico ou artístico. 160 Porém uma preocupação mais efetiva com relação ao patrimônio arqueológico, em âmbito nacional ocorre em 1961 quando é criada a Lei Federal n , que dispõe sobre todas as formas e também intervenções em monumentos arqueológicos. Seguindo esta tendência, começam a ser criados nas cidades brasileiras conselhos municipais de patrimônio, com atuação na preservação de bens inventariados nestes municípios. À exemplo disso, em 1976 foi criado o Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural - COMPAHC, pelo Gabinete Municipal de Porto Alegre, incentivando os proprietários particulares a preservar os seus imóveis de reconhecido valor histórico e que até então não tivessem tanta importância para os mesmos. Com o projeto de Lei nº. 4384/77 de Dezembro de 1977 visava facilitar a vida destes proprietários particulares, isentando-os dos impostos prediais e territoriais. Nessa linha seguiram também municípios como Pelotas, com a criação do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural - COMPHIC, e Santo Ângelo com a criação do Conselho Municipal do Patrimônio Arqueológico - COMPAHC, do Histórico e Cultural, só para citar alguns dos vários municípios gaúchos que já se 158 SPHAN atualmente denominado IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional. 159 Chagas, 2006, p IPHAN, 1937, p
80 preocuparam com essa questão, além de muitos outros municípios brasileiros também. No entanto, em muitos municípios esse tipo de conselho municipal patrimonial ainda não existe, ou está em fase de implantação ou ainda depende de mecanismos políticos para a sua atuação, como é o caso do Conselho do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural de Santo Ângelo - COMPAHC, que por ser apenas consultivo e não deliberativo, encontra barreiras na execução de seus pareceres. Com a redemocratização do país na década de 1980, há um artigo da nova Constituição Federal que trata sobre a preservação do patrimônio cultural nacional: Art Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 161 Com esse grande passo para a preservação do patrimônio cultural, surgem diversas outras medidas de proteção. Considerando que as primeiras pesquisas na área de arqueologia histórica 162 iniciaram-se apenas em 1960, com estudos sobre as reduções jesuíticas dos séculos XVI, XVII e XVIII existentes no sul do Brasil. 163 A preocupação com o patrimônio arqueológico urbano ou das cidades se iniciou nos Estados Unidos na década de 1980, com alguns trabalhos como de Stask (1987) e Salwen (1987). Porém em diversos países da Europa e também da America Latina como, Portugal, Espanha, França e Argentina a preocupação com o patrimônio se deu a partir da década de No Brasil estas discussões vêm 161 Constituição Federal, Arqueologia histórica pode receber outras denominações como, por exemplo, colonial, urbana, industrial. Porém todas elas possuem como fonte de estudo o período de contato que é definido por Carle (1996) como uma visão de relação entre dois ou mais grupos etnicamente diversos, ocorrendo entre índios, brancos e índios, índios e negros e assim por diante. 163 Symanski, 2009, p
81 ocorrendo em diversas cidades como, por exemplo, Recife, São Paulo, Porto Alegre e outras. Devido a essa nova visão da arqueologia, podemos dizer que o pesquisador deve considerar a cidade como um grande sítio arqueológico. E o seu potencial pode se dar através do tipo de ocupação do solo e a forma como ocorreu o processo de urbanização. Assim, como nas grandes cidades brasileiras, as pequenas também começam a despertar o interesse pelo patrimônio arqueológico. Em São Borja, a cidade cresceu sobre as ruínas da antiga Redução Jesuítica de San Francisco de Borja da mesma forma que outras cidades, utilizou os materiais remanescentes da Missões Jesuíticas para construir as novas edificações durante o repovoamento. Outro exemplo que pode ser mencionado é o caso de Santo Ângelo que realizou o mesmo tipo ocupação. Desta forma, o fator histórico é muito importante para pensarmos em potencial arqueológico, pois este está intimamente ligado ao contexto histórico da cidade. Outros fatores fazem parte do potencial como: existência de sítios arqueológicos, valor de significância, etc. Kern ao escrever sobre a arqueologia histórica em cidades missioneiras apresenta uma forma de se pensar a cidade como algo em constante transformação. 164 Para isso o local onde se estabelece uma cidade, comunidade ou povoado implica em alguns fatores como: território, fontes de água e alimentos, caminhos entre outros. A cidade de São Borja foi construída sobre a antiga redução de San Francisco de Borja, isso mostra que a escolha de locais para a criação de assentamentos ou cidades, pode sim influenciar em ocupações posteriores. Pensando no potencial arqueológico da cidade de São Borja, devemos levar em consideração que, mesmo que ainda não tenham ocorrido pesquisas arqueológicas sistemáticas 165 na cidade, embora alguns gestores culturais locais já tivessem a intenção de implantar um programa de pesquisas na área. 166 Apenas 164 Kern, A arqueologia sistemática surge na primeira metade do século XX na Europa, a partir deste momento as informações para a interpretação dos objetos devessem vir dos mesmos ou através do contexto onde encontrados. (Costa, 2003) 166 É importante salientar aqui que o encarregado da Biblioteca e Museu Municipal de São Borja, Sr. Claudio Oraindi Rodrigues, vem elencando itens a serem pesquisados para a reconstituição da história do município de São Borja (Of. nº 9/71/BM, datado de 12/08/1971). No ano de 2006, o então diretor do Museu Municipal e do Departamento de Assuntos Culturais da Prefeitura de São 81
82 uma breve vistoria foi realizada em 2007 pela arqueóloga Raquel Machado Rech 167, durante o andamento de obras de infra-estrutura de tubulação para uma rede de telefonia. Nesta vistoria foi aberta uma vala em frente da atual Igreja Matriz São Francisco de Borja, no centro da cidade (foto 11). Foto 11. Calçada em frete a Igreja Matriz, apresentando o local onde foi aberta a valeta pela obra. Na vala aberta foram evidenciadas estruturas que seriam dos alicerces do pórtico da antiga igreja da Redução Jesuítica de San Francisco de Borja, construídas Borja - DAC, Sr. Fernando Corrêa Rodrigues, entusiasmado com as iniciativas tomadas pela Prefeitura de Santo Ângelo de revitalizar seu centro histórico com escavações arqueológicas evidenciando em subsolo vestígios da antiga Redução Jesuítica de Santo Ângelo Custódio, solicitou à arqueóloga Raquel Machado Rech um projeto de pesquisas semelhante que pudesse ser aplicado em São Borja, contemplando também os itens elencados no documento elaborado por Rodrigues em Rech, 2007b. 82
83 com blocos de arenito grés e itacuru 168 encontrados entre 50cm e 90cm de profundidade abaixo do nível atual da rua. 169 Foto 12 e 13. Alicerces jesuíticos evidenciados durante vistoria arqueológica das obras de infraestrutura para telefonia em frente à Igreja Matriz de São Borja. À esquerda, alicerce em pedra grés e itacuru da parede Leste e, à direita, alicerce em pedra grés da parede Oeste da antiga igreja da redução de São Francisco de Borja. 170 A questão a ser desenvolvida neste momento se dá pelo fato que São Borja cresceu sobre a antiga redução e parece esquecer esse passado histórico. Para isso é necessário mostrar o quão importante esses vestígios são para a cidade e para que a valorização ocorra, é necessário que se tornem conhecidos. Uma maneira de 168 O padre Antônio Sepp fez a descoberta do minério de ferro na pedra itacuru ou pedra cupim, esta novidade possibilitou às Reduções Jesuíticas fabricarem artefatos de metal, desde o prego ao arado. 169 Na ocasião deste laudo arqueológico foi orientada a substituição da trincheira de tubulação para outra via que não prejudicasse os vestígios identificados em subsolo e foi proposto à Prefeitura de São Borja através de seu Departamento de Assuntos Culturais (DAC) um programa de escavação arqueológica para evidenciar parcialidades dos vestígios arqueológicos da antiga redução de São Francisco de Borja distribuídos no subsolo da moderna cidade a exemplo das janelas arqueológicas do Museu { Céu Aberto implantado em Santo Ângelo. Este programa viria a atender também à solicitação feita no ano anterior pelo antigo diretor do DAC, Fernando Correa, para execução de pesquisas arqueológicas em São Borja. No entanto a municipalidade não tinha condições de executar o programa naquela gestão e a proposta ficou para ser avaliada por seus sucessores nas gestões seguintes do governo municipal. 170 Rech, 2007b e Rech 2008c, p
84 que as raízes da história do município de São Borja se tornem reconhecidas, seria começar pela inclusão da história local no currículo escolar e ainda um programa de educação patrimonial, como ocorre atualmente no município de Santo Ângelo que adotou uma ação conjunta entre o museu municipal e as escolas. A sobreposição das plantas na figura a seguir representa a reutilização do local onde se localizava a Redução de San Francisco de Borja. Através dos resultados de uma breve pesquisa arqueológica e a utilização do Sistema de Informação Geográfica SIG e algumas ferramentas interativas adaptadas, foi possível sobrepor os dados geográficos, cartográficos, ambientais e arqueológicos. Sobreposição 3. Utilizando a malha da atual cidade de São Borja sobre a planta da antiga redução elaborada por Manuel Joaquin de Almeida Coelho (1816) Esquema elaborado por esta pesquisadora baseado em informações do laudo arqueológico apresentado pela arqueóloga Raquel Rech. 84
85 Nenhum vestígio da constituição urbanística da antiga redução é visível em superfície na cidade de São Borja a exceção de duas fontes de água que estão localizadas na área urbana do município, a Fonte São Pedro e a Fonte São João Batista, estas ainda não constam no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos - CNSA 172, na lista de bens tombados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado IPHAE constam apenas, dois bens tombados na cidade de São Borja, a casa do ex-presidente João Goulart e o Museu Getúlio Vargas, como podemos visualizar no mapa dos bens tombados no estado (mapa 12). Mapa 12. Municípios de apresentam bens tombados. 173 É possível elaborar uma proposta de carta de potencial arqueológico para o município de São Borja, pois, uma rea de potencial arqueológico é aquela em que 172 Porém consultando o Sistema de Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico/Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos no Portal do IPHAN, identificamos 28 registros de sítios arqueológicos préhistóricos e históricos na área rural no entorno da cidade de São Borja, oriundos de pesquisas de impacto ambiental prévia a implantação de empreendimentos (conforme pesquisa em acessado em fevereiro de 2011). 173 Fonte: acessado em fevereiro de
86 diversos fatores associados apontam para a probabilidade de ocorrência de vestígios culturais materiais 174, o que não é possível, é obter com precisão a localização de todas as estruturas que compunham a antiga redução, sem uma pesquisa arqueológica sistemática. Uma alternativa seria através da sobreposição de algumas plantas antigas da redução sob a malha moderna da cidade de São Borja. A seguir podemos visualizar na sobreposição 4, a planta da antiga redução jesuítica de San Francisco de Borja 175 sobreposta na imagem satélite da atual Cidade de São Borja. Nesta sobreposição hipotética é possível visualizar a praça reducional que se manteve no presente traçado urbanístico. No entorno da praça, onde estavam as casas dos índios, situam-se hoje áreas comerciais e residenciais (fotos 14 e 15), entre casas e edificações mais altas. Ao lado da Igreja Matriz, hoje se encontra a prefeitura, ocupando parte da antiga área do cemitério reducional. Fotos 14 e 15. Entorno da Praça XV de Novembro. 176 Através da sobreposição de plantas (sobreposição 4), podemos perceber a evolução urbana que ocorreu, mantendo aspectos originais da primeira organização espacial. Para sobrepor as plantas, foi preciso da localização dos vestígios encontrados, usamos como referência a praça, e ainda, o traçado urbano quadriculado original. 174 Juliani, Elaborada por Manuel Joaquin de Almeida Coelho em Maeder, Fonte: Google imagens. 86
87 Sobreposição 4. Da planta da antiga redução elaborada por Manuel Joaquin de Almeida Coelho (1816) e a atual malha urbana do município Esquema elaborado por esta pesquisadora, baseado em informações do laudo arqueológico (Anexo A) apresentado pela arqueóloga Raquel Rech. 87
88 Esse recurso também é uma forma de indicar os locais no centro da cidade com potencial de guardarem vestígios arqueológicos da antiga redução jesuítica. Com isso, é possível compreender melhor as estruturas da antiga Redução da cidade de São Borja. Esta possuía um porto de ligação 178 com a Argentina, que está situado no atual Bairro do Passo de São Borja. Inclusive nesta área onde se localizava o antigo porto pode haver um grande potencial, relacionado ao comércio e a navegação. Foto 16. Antigo porto do Passo do São Borja. 179 A casa onde foi encontrada a escada abaixo do assoalho pode estar relacionada às atividades do porto, pois situa-se a 640m do antigo porto (mapa 13), hoje apenas algumas poucas quadras do cais do porto. 178 Todo o sistema urbano reducional era pensado por caminhos terrestres e vias fluviais, através dos portos e outros pontos de apoio. (Custódio, 2007, p. 69). 179 Fonte: Google imagens. 88
89 Cais do Porto Mapa 13. Distância do Porto em relação à casa onde foi encontrada a escada. Poderíamos pensar que o caso de São Borja não foi o único, em que toda a antiga redução foi desconfigurada para a construção da nova cidade, quando da chegada dos novos povoadores, ou melhor, o que ocorreu em São Borja pode ser entendido com a reutilização dos materiais remanescentes da redução para a construção das novas moradias. Analisando o caso das antigas reduções jesuíticas no Rio Grande do Sul, a cidade de São Borja pode ser comparada com os casos das cidades de São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo, ambas foram reduções da segunda fase que não possuem vestígios visíveis em superfície deste período distribuídos em suas malhas modernas. Entretanto, é importante ressaltarmos a necessidade de um plano de delimitação das áreas com potencial arqueológico como uma tentativa de evitar situações que possam acarretar em destruição do patrimônio arqueológico ainda oculto sob a atual superfície da cidade. 89
90 A cidade de Santo Ângelo, a exemplo, produziu um perímetro reducional a partir de trabalhos arqueológicos realizados na área da praça central da cidade, na qual foi possível evidenciar e delimitar a área da antiga redução. 180 Em outros países como a Holanda e a França foi desenvolvido uma [...] carta de potencial arqueológico a partir da sobreposição de modelos preditivos e do conhecimento de processos que geraram perturbações no solo. Uma carta complementar de risco arqueológico auxiliaria a ação preventiva. 181 Quando falamos em potencial arqueológico e pensamos na problemática da preservação, podemos citar como exemplo o Programa de Arqueologia Urbana de Porto Alegre, gerenciado pelo Museu Municipal José Joaquim Felizardo 182 cujos desdobramentos propiciaram a carta de potencial arqueológico do centro histórico de Porto Alegre 183, a partir de uma das pesquisas de Mestrado oriundas do programa. O Município de Santo Ângelo, assim como o de Porto Alegre, adotou o Programa de Vistoria, Prospecção, Resgate e Monitoramento Arqueológico de Obras no Centro Histórico de Santo Ângelo, Área do Sítio Arqueológico da Antiga Redução de Santo Ângelo Custódio, gerenciado pelo Museu Municipal Dr. José Olavo Machado 184. Estes trabalhos apresentam algumas propostas nas quais as cidades modernas estão encobrindo sítios arqueológicos em seu subsolo. Em virtude disso, diversas pesquisas são realizadas a partir de obras de infraestrutura, pois estas podem ser grandes aliadas na indicação de um potencial arqueológico, desde que seja de uma forma preventiva e não quando os vestígios já estiverem destruídos. É com base em todo este referencial que propomos uma Carta de Potencial Arqueológico da Zona Urbana do Município de São Borja (Apêndice C e D), para que possa ser utilizada no planejamento de novas interferências no subsolo da cidade de forma a subsidiar e complementar as pesquisas históricas e arqueológicas em projetos de engenharia e arquitetura. 180 Scaramella, 1990 e Rech, 2007a. 181 Juliani, 1996, p Tocchetto, Oliveira, Rech, 2010b. 90
91 Esta proposta de carta poderá, também, permitir um melhor planejamento e gestão dos bens arqueológicos do município, permitindo a viabilização de grandes projetos de apropriação de seu passado reducional, para tanto, a municipalidade poderá interagir melhor anexando o cargo de arqueólogo municipal que possa, através do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural do Município de São Borja, já existente, monitorar os vestígios arqueológicos da cidade em prol do desenvolvimento de pesquisas científicas e do turismo cultural local. PROPOSTA PARA CARTA DE POTENCIAL ARQUEOLÓGICO DA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE SÃO BORJA Tendo como objeto de pesquisa, a cidade de São Borja, e como problemática uma proposta de carta de potencial arqueológico 185 para a mesma, indicar um perímetro reducional, tornou-se um pouco complexo, pois temos dois elementos importantes a tratar para entender a ocupação. Sendo um o antigo porto e o outro o complexo reducional no centro da cidade, estes, distanciados em aproximadamente em 4,80km em linha reta. E sabendo o quão complicado pode ser a administração de centros históricos, por falta de incentivo aos proprietários dos locais e ainda pela falta de fiscalização e acompanhamento em obras, seria interessante indicar dois centros históricos com potencial arqueológico para São Borja, sendo que um deles, o do Bairro Passo de São Borja deverá ser melhor investigado em pesquisas futuras, pois, inventariar o potencial arqueológico de uma determinada região, [...] é uma atividade também de extrema responsabilidade social, tanto pelo que será apontado como relevante, mas principalmente pelos locais que poderão ser esquecidos. 186 Na tentativa de contribuir para uma gestão preservacionista do patrimônio arqueológico histórico missioneiro, faremos a indicação das áreas com potencial arqueológico, porém não vamos nos ater as noções de baixo, médio ou alto potencial. 185 A Carta de Potencial arqueológico foi bipartida em virtude do tamanho que inviabilizaria a visualização (vide Apêndice C e D). 186 Oliveira, 2005, p
92 Para elaboração da carta, Oliveira apresenta cinco elementos necessários para a composição de uma carta de potencial arqueológico: Figura 5. Esquema apresentando os elementos utilizados na composição da Carta de Potencial Arqueológico. 187 Para elaboração da proposta de carta de potencial arqueológico para São Borja não temos: Conhecimento arqueológico (através de pesquisas sistemáticas); Inventário de edificações; Características geológicas, geomorfológicas e pedológicas. carta 188 : Para Juliani, alguns instrumentos devem ser utilizados para a obtenção da Levantamento de fontes escritas e cartográficas; Levantamento do conhecimento sobre padrões de assentamento dos 187 Oliveira, 2005, p Juliani, 1996, p
93 agentes de povoamento; Levantamento da cultura material conhecida no município, através de bens históricos preservados, pesquisas arqueológicas; Notificações de achados fortuitos. Quanto aos instrumentos utilizados por Juliani, não temos o Levantamento da cultura material conhecida no município, através de bens históricos preservados e pesquisas arqueológicas realizadas. Para elaborar a proposta da carta de potencial arqueológico da cidade de São Borja, foi necessária a junção dos elementos existentes, o Levantamento das fontes escritas, a utilização de fontes primárias como os diários e relatos de viajantes, entre dados historiográficos, dados históricos iconográficos o Conhecimento Histórico, que por sua vez, nos fornece o Valor e significância agregado a tal. A cartografia antiga e atual, e ainda da única informação arqueológica existente, um laudo arqueológico (Anexo A) em vistoria feita no centro da cidade. Figura 6. Esquema dos elementos apresentados para elaboração da Carta de Potencial Arqueológico de São Borja. 93
94 Sintetizando a pesquisa realizada, foi possível confeccionar a proposta para Carta, indicando os pontos de interesse como as fontes, o antigo porto, a escada e a sugestão de perímetro reducional, sugestão esta, feita a partir das sobreposições de plantas e pensando que naquela área viveram aproximadamente índios missioneiros. E a partir da amarração dos dados levantados foi possível a criar uma carta do potencial arqueológico em 3D (Apêndice E). Cabe ressaltar que esta é uma proposta, pois os remanescentes arqueológicos históricos missioneiros podem estar ocultos às pesquisas, na espera de serem evidenciados. 94
95 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para o desenvolvimento deste trabalho optou-se salientar o potencial arqueológico do Município de São Borja, esta que cresceu no espaço de atuação missional. Como foi possível observar, diferentemente das demais Missões Jesuíticas do Tape, San Franscico de Borja apresentou aspectos peculiares a sua formação, além disso, devemos considerar que as sociedades de fronteira, como é o caso de São Borja, impõe-se em uma dinâmica própria como podemos compreender no primeiro capítulo. Devido à complexidade do espaço missioneiro, não permitiu afirmações definitivas quanto à distribuição total da espacialidade reducional. Dos demais espaços do Complexo Jesuítico - Guarani, não foram identificados nas fontes o Cabildo e o Cotiguaçú. Algumas hipóteses podem ser levantadas, considerando que as estratégias de ocupação espacial reducional, vão além dos limites impostos, porém com pouca segurança para esboçá-las. Através dos relatos detalhados dos viajantes e da cartografia antiga, foi possível confeccionar uma maquete hipotética em três dimensões da Redução de San Borja. E ainda, pelas descrições feitas pelos viajantes houve a confirmação de que, apesar de existir um padrão para erigir de uma missão jesuítica, este poderia sofrer adaptações conforme necessário. Sobrepondo as plantas, demonstramos que o traçado urbanístico Jesuítico - Guarani manteve uma relativa regularidade, sobre a malha urbana da atual cidade de São Borja, conservando a forma de grade. Dos quarteirões da redução não se manteve o traçado as manzanas. Devido aos escassos dados arqueológicos não foi possível um maior aprofundamento dos locais sobrepostos na planta. Foi possível relacionar e indicar pontos de interesse arqueológico, no entanto, a pesquisa não se esgota neste trabalho, este foi o início, para que a partir desta pesquisa alguns aspectos possam ser ampliados e aprofundados. Dados os pontos prioritários para preservação e a sugestão de um perímetro reducional, não apresentamos qualquer coisa voltada para prática de diretrizes legais, lembrando que toda esta pesquisa teve um único aporte arqueológico. Para estabelecer reflexões sobre a preservação do patrimônio arqueológico, é fundamental, que se realizem projetos visando a educação patrimonial e ainda 95
96 uma arqueologia pública, a começar pela inserção da história local no currículo educacional das escolas. Na tentativa de ampliar resultados, é importante atuar juntamente com os moradores e trabalhadores dos locais. Enquanto não houver uma maior mobilização dos cidadãos e principalmente da gestão municipal, os bens arqueológicos e por consequência, as raízes de um povo vão continuar se perdendo. Os resultados desta pesquisa deverão ser disponibilizados ao órgão público responsável, para que se torne o ponto inicial para a salvaguarda do patrimônio arqueológico histórico missioneiro. Por mais que a cidade tenha tomado conta de toda a superfície, onde se localizava a antiga redução, não podemos subestimar a possibilidade de estruturas ou outros vestígios estarem em subsolo, para obter esta confirmação, é necessário que se faça escavação estratigráfica da área. Finalmente, é preciso destacar que este estudo buscou apresentar um passado praticamente esquecido por uma cidade que ostenta a referência de Terra dos Presidentes e desta maneira acaba ofuscando suas heranças históricas. Através da expansão das pesquisas arqueológicas e a ação conjunta da comunidade S~o Borja agregar ao seu currículo histórico o identificador A primeira dos Sete Povos das Missões. 96
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106 106 APÊNDICES
107 APÊNDICE A - MAQUETE HIPOTÉTICA EM 3D DA MISSÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA, A PARTIR DA CARTOGRAFIA EXISTENTE E CONFORME RELATOS DE VIAJANTES Arte Gráfica: Kelli Bisonhim & Daniel Timm. 107
108 108
109 109
110 110
111 111
112 112
113 113
114 114
115 115
116 116
117 APÊNDICE B CD-ROM VÍDEO A ESTRUTURA SÓCIO-ESPACIAL DA MISSÃO DE SAN FRANCISCO DE BORJA POR OLHOS VIAJANTES Arte Gráfica: Kelli Bisonhim & Daniel Timm. 117
118 APÊNDICE C - PROPOSTA DE CARTA DE POTENCIAL ARQUEOLÓGICO PARA O MUNICÍPIO DE SÃO BORJA. 118
119 APÊNDICE D PONTOS DE INTERESSE ARQUEOLÓGICO 119
Origem O gado foi introduzido, e passou a ser criado nos engenhos do Brasil em meados do século XVI, para apoiar a economia açucareira como força
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